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Papa carrega maleta no Aeroporto de Seul, na Coreia do Sul | Jeon Heon-kyun/Efe
Papa carrega maleta no Aeroporto de Seul, na Coreia do Sul| Foto: Jeon Heon-kyun/Efe

Opinião

Ponto alto da visita foi a beatificação de 124 mártires sul-coreanos

Marcio Antonio Campos, editor da Gazeta do Povo

Uma das cerimônias mais importantes da visita do papa Francisco à Coreia do Sul foi a beatificação de 124 mártires. Desde Bento XVI, normalmente papas celebram apenas canonizações, deixando as beatificações para cardeais como Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Se é possível que o fato de Francisco ter celebrado a beatificação dos coreanos seja apenas uma "coincidência" pelo fato de ele estar no país, o que não se pode negar é sua preocupação com os cristãos perseguidos, no passado e no presente.

A primeira canonização de Francisco foi a dos 813 mártires de Otranto, cidade italiana que havia caído sob o domínio islâmico no século 15 (a canonização, no entanto, foi decidida ainda por Bento XVI). Francisco também ordenou a beatificação de 522 católicos mortos pelos comunistas durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) — a lista dos mártires tem leigos, padres, religiosas e bispos; o mais novo dos espanhóis tinha apenas 18 anos.

A honra dada a cristãos mortos no passado por defenderem sua fé ajuda a lembrar que ainda há perseguição e morte no presente. Francisco já falou em audiências, no Ângelus dominical e no Twitter sobre a situação dos cristãos do Iraque, atacados e crucificados pelos jihadistas do Estado Islâmico. Enquanto Francisco voava para a Coreia, o cardeal Fernando Filoni, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, foi ao Curdistão encontrar e levar ajuda às comunidades de cristãos que tiveram de deixar suas casas e cidades. Mesmo durante a viagem de Francisco, a perseguição esteve ao lado: os católicos da vizinha Coreia do Norte não receberam permissão para ir à missa papal em Seul, e na China bispos fiéis a Roma são presos periodicamente, por líderes muito pouco dispostos a ouvir os apelos do papa por liberdade religiosa.

O papa Francisco endossou uma intervenção no Iraque para impedir que militantes islâmicos continuem atacando minorias religiosas no país. No entanto, o pontífice afirmou que a comunidade internacional — e não apenas um país — deve decidir como intervir. Francisco também disse que seus assessores estavam considerando a possibilidade de ele ir até o norte do Iraque em solidariedade aos cristãos perseguidos, mas isso ainda não está definido.

O papa negou, contudo, que esteja apoiando o uso da violência, após ter sido questionado sobre os ataques dos EUA no Iraque. "Não estou dizendo para fazer guerra, apenas pedindo para impedi-los de continuar com essas agressões injustas [dos islâmicos contra as minorias]", disse. "Uma nação sozinha não pode decidir como interromper isso."

Reconciliação

O papa Francisco voltou ontem para Roma após viagem de cinco dias à Coreia do Sul, onde se encontrou com jovens asiáticos, beatificou 124 mártires coreanos e lançou um pedido de reconciliação na península coreana.

O Boeing 777 em que viajou o pontífice aterrissou no aeroporto romano de Ciampino às 17h54 locais (12h54 de Brasília) depois de mais de 11 horas de voo.

Como de costume depois de viagens internacionais, Francisco foi à Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, para agradecer à Virgem.

2015

Papa Francisco confirmou ontem que vai aos EUA em setembro de 2015, passando por Filadélfia, Washington e Nova York. Ele disse que é possível fazer visitas ao México e à Espanha, também no ano que vem.

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