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O papa Francisco afirmou que o rosto desfigurado do Santo Sudário se assemelha ao de tantos homens e mulheres "feridos por uma vida que não respeita sua dignidade, por guerras e violências que afligem os mais vulneráveis", mas que convida à esperança. O pontífice fez esta declaração em uma mensagem de vídeo divulgada neste sábado (30) pelo Vaticano por ocasião da ostensão da Síndone, como é conhecido também o lenço que, segundo a tradição, envolveu o corpo de Cristo e que será mostrado de forma extraordinária hoje aos fiéis através da televisão.

O Santo Sudário fica guardado na catedral de Turim (Itália), e em raras ocasiões é exposto à veneração dos fiéis. A última vez foi em 2010, por ocasião da visita de Bento XVI à cidade.

A ostensão será feita a partir das 17h15 locais (13h15 de Brasília) e será transmitida pela rede de televisão pública italiana "RAI" a todo o mundo.

"Este rosto desfigurado se assemelha ao de tantos rostos de homens e mulheres feridos por uma vida que não respeita sua dignidade, por guerras e violências que afligem os mais vulneráveis", afirma o papa na mensagem.

"No entanto, o rosto da Santo Sudário transmite uma grande paz; este corpo torturado expressa uma altivez soberana. É como se deixasse transparecer uma energia condensada, mas potente; é como se nos dissesse: tenha confiança, não perca a esperança; a força do amor de Deus, a força do Ressuscitado, tudo ela vence", acrescentou.

Francisco disse que o rosto da Síndone tem os olhos fechados, "mas, no entanto, misteriosamente nos olha e no silêncio nos fala", argumentou.

"Como é possível que o povo fiel queira ficar diante deste ícone de um homem flagelado e crucificado?", questionou o papa, que acrescentou: "Porque o homem do Santo Sudário nos convida a contemplar Jesus de Nazaré".

O bispo de Roma acrescentou que a imagem gravada no tecido fala ao coração dos homens "e nos leva a subir ao monte do Calvário, a olhar o madeiro da cruz, a submergir no silêncio eloquente do amor".

O pontífice ressaltou que, através da Santo Sudário, chega a Palavra única e última de Deus, "que é o amor feito homem, encarnado em nossa história; o amor misericordioso de Deus, que tomou sobre si todo o mal do mundo para nos libertar de seu domínio", explicou.

A Síndone (do grego "sindon", mortalha) é considerada uma das relíquias mais famosas e discutidas do Cristianismo. Mede 4m39 de extensão por 1m15 de largura. Dela se têm notícia desde 1353.

As provas de que o pano realmente envolveu o corpo de Cristo começaram em 1898, depois que um fotógrafo de Turim tirou uma foto dele e, no momento da revelação, se deu conta de que as imagens negativas mostravam o corpo e o rosto de um homem crucificado segundo contavam os Evangelhos.

Em 1989, o tecido foi submetido ao exame do carbono 14 em três laboratórios de Suíça, Estados Unidos e Reino Unido, que determinaram que ele foi feito entre 1260 e 1390.

Vários especialistas criticaram o teste, por considerarem que foi mal feito. Segundo o professor russo Andrei Ivanov, os três pedaços de pano que foram cortados para serem analisados eram das pontas; ou seja, a parte pela qual o pano era sustentado pelos cardeais nas várias ocasiões em que foi apresentado aos fiéis ao longo dos séculos.

A Igreja sempre considerou como irrelevante a idade do tecido, por dizer que a Síndone não é uma prova, "mas um convite para a oração".

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