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Francisco (à dir.) e Teodoro II se cumprimentam no Vaticano | Reuters/Andreas Solaro/Compartilhamento
Francisco (à dir.) e Teodoro II se cumprimentam no Vaticano| Foto: Reuters/Andreas Solaro/Compartilhamento

Passados 40 anos da visita histórica do papa copta Shenouda III ao Vaticano, o atual patriarca da Igreja Copta Ortodoxa do Egito, Teodoro II, foi nesta sexta-feira (10) ao túmulo de São Pedro para se reunir com o papa católico Francisco e ambos defenderam a união de todos os cristãos.

"Estou convencido de que sob a guia do Espírito Santo, nossas perseverantes preces, o diálogo e a vontade de construir dia a dia a comunhão com amor recíproco nos permitirão dar novos e importantes passos rumo à união plena dos cristãos", afirmou Francisco no discurso que fez a Teodoro II e ao séquito que o acompanha na sua visita à Santa Sé.

Francisco acrescentou que é "consciente" de que o caminho rumo à unidade é, "talvez, ainda longo", mas ressaltou que "não podemos esquecer o trajeto já percorrido, que se concretizou em luminosos momentos de união, entre eles o encontro em fevereiro de 2000 no Cairo de Shenouda III e João Paulo II, em sua peregrinação durante o Grande Jubileu às origens de nossa fé".

Esta é a segunda vez na história que um papa de Alexandria e Patriarca da Sede de São Marcos visita a sede de São Pedro, já que em 1973 Shenouda III foi ao Vaticano para se reunir com Paulo VI.

O papa Francisco, de 76 anos, disse a Teodoro II, de 60, que era para ele uma "momento de graça e de grande alegria" acolhê-lo diante do túmulo de São Pedro "com um abraço de paz e de irmandade, após séculos de recíproca distância".

O Bispo de Roma afirmou que a visita "reforça" as relações de amizade e irmandade que unem a Sé de Pedro (o Vaticano) e a Sé de Marcos (a igreja copta do Egito, onde o evangelista divulgou o cristianismo), "que deram durante gerações e gerações mártires, teólogos, santos monges e fiéis discípulos de Cristo, muitas vezes em situações muito difíceis".

O papa Francisco lembrou que Paulo VI e Shenuda III assinaram uma Declaração cristológica comum e que deram início ao diálogo ecumênico bilateral entre as duas Igrejas, que nestes 40 anos deu bons resultados e preparou o terreno para um diálogo maior entre a Igreja Católica e as igrejas ortodoxas orientais.

Francisco ressaltou que na declaração as duas igrejas reconhecem uma "única fé em um só Deus, Uno e Trino, a divinidade do único Filho encarnado de Deus, um Deus perfeito quanto a sua divinidade e um homem perfeito quanto a sua humanidade".

"Sejamos felizes de poder confirmar o que declararam solenemente nosso antecessores, sejamos felizes de poder nos reconhecer unidos no único batismos", acrescentou Francisco que reiterou o desejo de poder um dia todos poderem celebrar juntos a união.

O papa católico considerou que a criação de um Conselho Nacional de Igrejas Cristianas no Egito, por desejo de Teodoro II, representa um sinal da forte vontade dos cristãos de desenvolver unidos relações cada vez mas fraternais e participar da vida desse país, de maioria muçulmana, onde nos últimos tempos se registraram enfrentamentos entre ambas as comunidades.

Francisco acrescentou que se um cristão sofre, sofre toda a comunidade.

Teodoro II, que foi eleito papa copta em 18 de novembro do ano passado após a morte de Shenuda III, ressaltou que as duas igrejas sempre trabalharam juntas no Oriente Médio e no mundo ocidental para que a paz prevaleça.

O papa de Alexandria afirmou que o objetivo "mais importante" para ambas igrejas é a promoção do diálogo ecumênico, "para conseguir a meta mais desejada: a unidade".

Teodoro II convidou Francisco a visitar o Egito e após o encontro, os dois papas rezaram por alguns minutos juntos.

A unidade dos cristãos foi rompida pela primera vez após o Concílio de Éfeso, no ano 431, quando se separou a Igreja assíria, ou persa. Após o Concílio de Calcedônia, no ano 451, foram separadas as igrejas copta, síria, etíope e armênia.

No século XI, em 1054, aconteceu o Grande Cisma, quando se separaram as igrejas do Oriente e do Ocidente. A última grande separação foi em 1517 com a reforma protestante de Lutero.

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