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O primeiro-ministro do Paquistão, Yusuf Raza Gilani, disse na segunda-feira que as relações com os Estados Unidos entrarão numa fase de exceção por causa do bombardeio da Otan que matou 24 militares paquistaneses no sábado. No mesmo dia, o Exército do país também ameaçou reduzir drasticamente sua cooperação com os norte-americanos no Afeganistão.

O incidente de sábado na região da fronteira afegã-paquistanesa complica os esforços dos EUA para melhorar suas relações com Islamabad e estabilizar a região antes da retirada das tropas norte-americanas de combate do Afeganistão.

"A normalidade nas relações não estará mais lá", disse Gilani à CNN, quando questionado sobre o futuro das relações EUA-Paquistão. "Temos de ter algo maior para satisfazer à minha nação."

As declarações de Gilani refletem a fúria do governo e dos militares paquistaneses, e a pressão da população sobre eles. "Não se pode ganhar qualquer guerra sem o apoio das massas", afirmou. "Precisamos do povo conosco."

A relação, acrescentou Gilani, só vai continuar se for baseada no "respeito mútuo e interesse mútuo". Sobre se o Paquistão está recebendo tal respeito, ele respondeu: "No momento, não."

Nos últimos meses, as relações entre EUA e Paquistão já andavam abaladas por causa dos bombardeios norte-americanos na região da fronteira, das suspeitas citadas por Washington de que autoridades do Paquistão prestam apoio a militantes islâmicos, e da ação militar clandestina dos EUA, em maio, que resultou na morte de Osama bin Laden em território paquistanês.

Washington acredita que Islamabad, inclusive por sua histórica ligação com os grupos militantes, pode ter um papel crucial na pacificação do Afeganistão antes da retirada total das forças da Otan, em 2014, e por isso os EUA não podem se dar ao luxo de perder esse aliado.

"Claro que estamos preocupados sobre o impacto deste incidente em nossas relações com o Paquistão", disse o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano Mark Toner. "Estamos tentando trabalhar nisso."

China "chocada"

O ataque do sábado foi o pior contra o Paquistão desde que o país se aliou aos EUA, em 2001, e em retaliação Islamabad interrompeu as rotas de abastecimento para as forças ocidentais no Afeganistão.

Somando um novo elemento às tensões, a China se disse "profundamente chocada" com o incidente, e manifestou "forte preocupação pelas vítimas e profundas condolências ao Paquistão".

"A China acredita que a independência, a soberania e a integridade territorial do Paquistão devem ser respeitadas, e que o incidente deve ser minuciosamente investigado", disse o porta-voz Hong Lei em nota no site da chancelaria chinesa.

No sábado, caças e helicópteros da Otan atacaram duas guarnições militares no noroeste paquistanês, matando 24 soldados e ferindo 13 outros, segundo o Exército.

A Otan descreveu o caso como um "incidente trágico e indesejado", e prometeu investigar. Uma autoridades ocidental e um funcionário afegão de segurança disseram, ambos sob anonimato, que os soldados da Otan estavam reagindo a disparos vindos do lado paquistanês da fronteira.

Os militares paquistaneses negaram relatos de que forças da Otan no Afeganistão teriam sido atacadas antes de reagir, e afirmaram ter o direito de retaliar.

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