Para amigos, atirador não revelava radicalismo

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Longe do estereótipo de fanático religioso capaz de cometer ataques movidos pelo ódio, Mohammed Merah, filho de argelinos nascido na França, parecia levar uma vida dupla. Enquanto alimentava no seu íntimo ideias extremistas que o teriam levado a cometer a série de assassinatos no sudoeste da França, ele se comportava em público como a maioria dos jovens de sua idade, segundo amigos que se surpreenderam com a revelação de que seria ele o responsável pela onda de terror.

Um dos seus amigos, Mehdi Nedder, garante ter saído à noite com Merah para se divertir há apenas três semanas.

"Há três semanas estávamos em uma boate. E hoje estamos falando sobre Al-Qaeda. Como alguém pode mudar tanto em tão pouco tempo?", questiona Nedder.

Outro amigo, Kamel, que cresceu com Merah em Toulouse, diz que sempre jogava futebol com o suposto assassino, e "ele nunca falava sobre armas, religião ou política, mas sobre carros, motos, garotas e esportes".

Para o ex-advogado de Nerah, Christian Etelin, o jovem pode ter começado a se radicalizar depois de ter ficado quase dois anos preso por um assalto, entre 2007 e 2009.

"Ele era apenas mais um jovem da periferia com problemas com a Justiça. Sua mãe não podia controlá-lo, seu pai era totalmente ausente. Talvez essa prisão tenha provocado nele ódio ao sistema judiciário e erguido os fundamentos que o levaram a abraçar o fanatismo religioso", especula o advogado.

Fato é que após deixar a prisão, Nerah viajou duas vezes ao Afeganistão e, segundo o procurador que comanda as investigações do caso, François Molins, recebeu treinamento no bastião extremista paquistanês do Waziristão.

De volta à França, ele trabalhou como mecânico e voltou a ter problemas com a Justiça. Em 24 de fevereiro, Nerah tinha sido condenado a um mês de prisão por um pequeno acidente de moto. Ele deveria começar a cumprir a sentença em abril.