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The Economist confunde samba com tango - Uma reportagem publicada ontem no site da revista britânica The Economist cometeu uma gafe. O texto, que falava sobre o acordo nuclear entre Irã, Brasil e Turquia, confundiu os estilos musicais tradicionais de Brasil e Argentina, e recebeu o título de “Tango de Teerã”. A tentativa de trocadilho quis demonstrar que a ação da diplomacia brasileira dá ao Irã a possibilidade de agradar aos países ocidentaise continuar enriquecendo seu urânio. |
The Economist confunde samba com tango - Uma reportagem publicada ontem no site da revista britânica The Economist cometeu uma gafe. O texto, que falava sobre o acordo nuclear entre Irã, Brasil e Turquia, confundiu os estilos musicais tradicionais de Brasil e Argentina, e recebeu o título de “Tango de Teerã”. A tentativa de trocadilho quis demonstrar que a ação da diplomacia brasileira dá ao Irã a possibilidade de agradar aos países ocidentaise continuar enriquecendo seu urânio.| Foto:

O Irã aceitou um acordo que impede o desenvolvimento da tecnologia de enriquecimento de urânio no curto e médio prazo, mas ninguém pode dizer que não fará a bomba daqui a cinco ou dez anos. A opinião é do professor de história contemporânea da Universidade Federal Fluminense Bernardo Kocher, para quem o país persa apenas "adiou a entrada no clube atômico".

Isso porque não é apenas o governo dos aiatolás que deseja a tecnologia nuclear, mas também sua oposição. "Toda a classe média (iraniana) tem ambições de que o Irã alcance a hegemonia", disse Kocher ontem à Ga­­zeta do Povo. O que seria obtido por meio do poderio nuclear.

O professor de Relações Inter­­nacionais Heni Ozi Cukier, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) também é cético quanto às "boas-intenções" da cooperação iraniana. "O acordo soa mais como uma tática iraniana para ganhar tempo", avalia.

Um dos indicativos disso se­­riam os "buracos" no acordo, que podem levar a novas contestações do Irã no futuro. Um deles é o não esclarecimento por parte do Irã se aceitará todas as inspeções exigidas pela Agência In­­ternacional de Energia Atô­­mica (AIEA). Essa é uma das ponderações do professor Alcides Costa Vaz, do Instituto de Rela­­ções Internacionais da Universi­­dade de Brasília (UnB).

Ele lembra que o Irã anunciou no ano passado a existência de algumas instalações nucleares que não eram conhecidas internacionalmente. Esse foi um passo no sentido da transparência, mas também gerou preocupação, pela possibilidade de existirem outras instalações não conhecidas.

"Seria importante que o Irã tivesse todas as suas instalações sujeitas às salvaguardas da AIEA", diz Vaz.

Instabilidade

Além dos fatores técnicos relacionados à obtenção de tecnologia nuclear, a política externa do Irã traz instabilidade às negociações, na opinião do professor de Relações Internacionais da PUC-SP Reginaldo Nasser. Como país aliado do extremista Hezbollah, no Líbano, do Hamas, na Faixa de Gaza, e com influência no Iraque, o Irã adquiriu um papel importante de liderança no Oriente Médio. Somado a isso, faz declarações inflamadas contra EUA e Israel.

A tensão resultante, porém, pode estar sendo exagerada, na opinião de Nasser. "Se (os iranianos) são tao agressivos e irracionais, por que não saem do Tra­­tado de Não Proliferação Nu­­clear?", questiona. Ele lembra que o Irã assinou o acordo desde 2003 e nunca cogitou sair do grupo signatário. "O Irã dá sinais de que deseja negociar", disse Nas­­ser à Gazeta do Povo.

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