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Os aliados ocidentais no Iraque e no Afeganistão colocam agora mais peso na reconstrução e em assuntos políticos mais amplos, ao lado da força militar, para travar sua guerra ao terrorismo de maneira "apropriada", disse neste domingo o primeiro-ministro britânico, Tony Blair.

Blair encontrou-se com o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, em Lahore, para debater meios de vencer o Taliban no Afeganistão, reunir informações de inteligência de contraterrorismo e reprimir a militância em escolas religiosas paquistanesas.

Ele anunciou que dobrará a ajuda britânica e parte dela será destinada a incentivar escolar muçulmanas moderadas para conter o extremismo islâmico.

- Começamos a vencer quando começamos a combater de maneira apropriada, e acho que estamos combatendo de maneira apropriada agora - disse Blair em conferência de imprensa. - Mas temos que fazer mais.

Requisitado a esclarecer as declarações de Blair, seu porta-voz disse depois:

- Trata-se de aprender durante a guerra contra o terrorismo. Primeiro, o mundo reconhece a ameaça global desta ideologia extremista. Segundo, adota medidas de segurança para lidar com isso e, em terceiro lugar, tem que reconhecer temas como Palestina.

Autoridades do governo britânico vêm se alinhando nos últimos dias para fazer advertências sobre ameaças de complôs de militantes islâmicos para lançar ataques terroristas na Grã-Bretanha. Ao mesmo tempo, forças britânicas no Afeganistão enfrentam algumas das batalhas mais duras frente à insurgência do Taliban desde que o grupo foi retirado do poder, em 2001.

Blair pareceu ter aceito na sexta-feira os argumentos de entrevistadores da Al Jazeera de que a intervenção ocidental no Iraque foi desastrosa. Mas citou também que forças de fora estão fomentando a violência sectária, e seu gabinete disse que sua intenção não foi endossar a visão do argumento.

Tanto Blair quanto Musharraf disseram que está sendo feito progresso na luta contra o terrorismo e contra o Taliban em especial. Mas disseram que a missão militar precisa de apoio de soluções políticas e trabalho de reconstrução.

Musharraf enfrenta críticas e acusações de que o Taliban recebe apoio e abrigo na região sem leis no lado de seu país na fronteira com o Afeganistão.

- O problema do Taliban é um problema afegão. O grupo está na região sudeste do Afeganistão, com apoio de elementos deste lado - disse Musharraf na entrevista ao lado de Blair. - Precisamos colocar nossa casa em ordem, aqui no nosso lado, e garantir que este apoio seja cortado, mas a batalha principal é no Afeganistão.

A Grã-Bretanha tem cerca de 5.000 soldados no Afeganistão, como parte dos 31.000 homens da força liderada pela Otan (Organização para o Tratado do Atlântico Norte) para combater o Taliban.

Musharraf disse que o Afeganistão precisa de ajuda de reconstrução na escala do Plano Marshall para a Europa depois da Segunda Guerra Mundial.

DERROTAR UMA GERAÇÃO

Os dois líderes debateram também a necessidade de retomada do processo de paz no Oriente Médio.

Blair disse na semana passada para um grupo que assessora o presidente dos EUA, George W. Bush, que um progresso na resolução entre israelenses e palestinos ajudaria a reduzir o derramamento de sangue no Iraque.

Ele disse aos jornalistas em Lahore:

- O extremismo global é baseado em uma ideologia que explora o sofrimento, então o que temos que fazer, ao mesmo tempo que lidamos com esta ideologia, temos que tirar a oportunidade de explorar o sofrimento. Levou uma geração para isso crescer e vai levar uma geração para derrotar - afirmou.

Fontes do governo britânico dizem estar preocupadas com o fluxo de pessoas e idéias entre a Grã-Bretanha e o Paquistão, onde algumas madrassas, as escolas religiosas, funcionam também como campos de treinamento para militantes islâmicos. Quase três quartos da comunidade muçulmana britânica, formada por um milhão de pessoas, tem raízes no Paquistão.

Os ministérios do Interior dos dois países vão estabelecer um grupo de trabalho conjunto para reunir trabalho de inteligência. A Grã-Bretanha vai fornecer ajuda e treinamento nas áreas forenses, gerenciamento de crise e localização de fundos terroristas.

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