• Carregando...

Curitiba – Para quem está acostumado à realidade brasileira, pode parecer estranho que estrangeiros, ainda mais aqueles com pouca instrução, venham ao Brasil procurar emprego. Se já é difícil para quem nasceu aqui, que dirá para alguém que não fale o português fluentemente e não esteja envolto à cultura nacional. Ainda assim, em busca de melhores condições de vida e de trabalho, milhares de bolivianos têm entrado no país desde meados da década de 90. Hoje estima-se que 250 mil vivam no Brasil, a grande maioria em São Paulo, sendo que pelo menos a metade deles de forma ilegal, apontam dados do Serviço Pastoral dos Migrantes, órgão vinculado à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Para vencer a concorrência nativa, muitos bolivianos optam por aceitar salários e jornadas de trabalho subumanas. Preocupado com a situação desses trabalhadores, o governo de Evo Morales se reuniu na última semana com membros da Organização Internacional de Migrações (OIM), em La Paz, para reivindicar a ajuda da entidade na proteção dos bolivianos no Brasil. O presidente da Bolívia pede que os imigrantes tenham seus direitos resguardados e maior e melhor divulgação do tratado firmado entre os dois países no ano passado, que prevê a regularização de todo o boliviano que está no Brasil desde agosto de 2005.

"A Pastoral de São Paulo atende cerca de 50 bolivianos por dia, que nos procuram para informações de como obter a cidadania e regular a situação aqui. Esse pessoal vem cada vez mais, basicamente por causa das condições de trabalho na Bolívia: não há emprego. E o Brasil se apresenta como uma saída. Assim como os EUA são para os brasileiros hoje em dia. A maior parte atua na área de confecções e mora e trabalha no mesmo lugar, sob péssimas condições", afirma o secretário-nacional da Pastoral do Migrante e autor de vários artigos sobre a condição dos bolivianos no Brasil, Luiz Bassegio.

De acordo com uma boliviana que já trabalhou ilegalmente em São Paulo e prefere não se identificar, os chamados coiotes (agenciadores de emigrantes ilegais) freqüentam os locais mais pobres do interior da Bolívia prometendo emprego e dinheiro no Brasil para a população menos instruída. Dados de 2004 revelam que 64% da população boliviana vive abaixo da linha de pobreza.

Rota

Segundo a Polícia Federal, Foz do Iguaçu se tornou a rota preferida pelos bolivianos clandestinos para entrar no país. "Esse ano, o número de prisões de bolivianos ilegais nas regiões da fronteira aumentaram, o que prova que o interesse deles pelo Brasil também cresceu. Antes a rota era pelo Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, agora eles estão preferindo atravessar todo o Paraguai para entrar pelo Paraná. É um fenômeno novo, mas hoje cerca de 95% dos que tentam entrar ilegalmente no país por Foz são bolivianos", afirma o delegado e chefe do Núcleo de Imigração da Polícia Federal de Foz do Iguaçu, Geraldo Eustáquio da Conceição.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]