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Kerry disse ontem que o governo sírio seguiu bombardeando a região onde ocorreu o ataque químico, destruindo evidências. “Essa não é a ação de um regime disposto a provar para o mundo que não usou armas químicas”, afirmou o secretário de Estado | Gary Cameron/Reuters
Kerry disse ontem que o governo sírio seguiu bombardeando a região onde ocorreu o ataque químico, destruindo evidências. “Essa não é a ação de um regime disposto a provar para o mundo que não usou armas químicas”, afirmou o secretário de Estado| Foto: Gary Cameron/Reuters

Ban Ki-moon

ONU faz reclamação formal sobre ataque a inspetores em Damasco

Folhapress

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, anunciou que apresentará queixa contra o regime do ditador Bashar Assad e a oposição síria contra o ataque feito com homens armados à missão de inspetores da organização para encontrar provas do uso de armas químicas na periferia de Damasco.

Mais cedo, o grupo foi vítima de homens armados que dispararam contra um dos veículos da comitiva, que foi trocado. O regime sírio acusou "terroristas", modo como chama os rebeldes pelos disparos, enquanto a oposição diz que a ação foi cometida por "milícias pró-regime que querem esconder a verdade".

Em comunicado, o chefe da organização disse que fez um pedido à representante de Desarmamento da ONU, Angela Kane, para fazer uma reclamação formal ao regime sírio e à Coalizão Nacional Síria, principal grupo opositor.

A ONU confirmou que os técnicos coletaram alguns materiais no bairro de Mouadimiya e ouviram médicos que trataram as vítimas do ataque no centro do Crescente Vermelho sírio, além de testemunhos de pacientes que se dizem vítimas do suposto ataque.

Na última quarta, a oposição síria acusou as tropas do ditador Bashar Assad de lançar um ataque químico durante a madrugada sobre a região de Ghouta. Os ativistas afirmam que mais de 1.300 pessoas morreram.

Já a organização Médicos Sem Fronteiras afirma que 3.600 pessoas foram atendidas com problemas neurológicos causados por intoxicação e 355 morreram.

60% dos americanos são contra qualquer envolvimento militar dos EUA na Síria, segundo pesquisa realizada no mês passado pela rede CNN. Por causa do legado de George W. Bush, Obama é mais cauteloso em ações militares.

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  • Analistas em armas químicas da ONU conversam com sírios
  • Equipe das Nações Unidas visita sobreviventes do ataque

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse que o governo americano não tem mais dúvidas de que o regime sírio de Bashar Assad de fato usou "indiscriminadamente" armas químicas na guerra civil no país.

Depois de meses sugerindo que havia apenas indícios e crescentes provas do uso, Kerry agora disse não ter mais dúvidas – o que, para muitos, prepara o terreno para uma ação militar americana. Em agosto do ano passado, Obama havia dito que o uso de armas químicas, proibidas em convenção da Organização das Nações Unidas (ONU), seria a "linha vermelha" que a ditadura síria não poderia ultrapassar.

Kerry disse que passou o fim de semana falando com ministros das Relações Exteriores europeus e do Oriente Médio sobre o que está ocorrendo no conflito sírio.

"O que vimos na Síria na semana passada deveria abalar o mundo. É algo que desafia qualquer código de moralidade. Vou ser claro: o massacre indiscriminado de civis – o assassinato de mulheres, crianças e inocentes – por armas químicas é uma obscenidade moral. Não importa o parâmetro que se use, é algo imperdoável. E é inegável [que o massacre ocorreu], apesar das desculpas e evasivas defendidas por alguns", disse Kerry ontem em Washington, no Departamento de Estado.

"O que aconteceu lá vai muito além do conflito em si. O mundo baniu o uso de armas químicas", afirmou Kerry, acrescentando que o governo sírio precisa ser responsabilizado pelos seus atos.

Pesquisa do mês passado da rede CNN dizia que 60% dos americanos são contra qualquer envolvimento militar na Síria. Para analistas americanos, Obama sofre de uma "síndrome do Iraque" – ele foi eleito por ter sido contra a guerra promovida pelo antecessor, George Bush, então seria mais cauteloso antes de tomar qualquer iniciativa militar.

"Durante cinco dias o regime sírio se recusou a permitir que investigadores da ONU tivessem acesso aos locais atacados, o que supostamente iria isentá-los de culpa", disse Kerry. "A resposta do governo [sírio] deveria ter sido acesso imediato e irrestrito. Não ter respondido dessa forma foi uma atitude que falou por si mesma."

Iraque veta o uso de espaço aéreo em possível ofensiva contra Assad

Agência Estado

O governo do Iraque disse ontem que se opõe ao uso do espaço aéreo ou do território iraquiano para o lançamento de eventuais ataques à Síria, num momento em que as potências ocidentais alertam sobre uma possível ação militar contra o regime do presidente Bashar Assad.

"Não concordamos com qualquer uso de nosso espaço aéreo para atacar qualquer país vizinho por meio de nosso território", disse o primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, por meio de seu porta-voz. "Nossa posição em relação a esse assunto é fixa", disse.

O Ocidente parece estar mais próximo de adotar uma resposta militar após um ataque com armas químicas supostamente lançado numa área próxima a Damasco na última quarta-feira. A divulgação de fotos de crianças mortas no episódio causou uma onda de indignação internacional que culminou ontem com as declarações do secretário de Estado americano, John Kerry.

Os EUA e seus aliados culpam o regime sírio pelo suposto ataque, a última atrocidade num conflito que já deixou mais de 100 mil mortos desde março de 2011.

O Iraque está evitando tomar lado na guerra civil entre Assad e rebeldes que tentam derrubá-lo, mas o conflito já atravessou as fronteiras em várias ocasiões.

A Casa Branca apelou em várias ocasiões ao Iraque que interrompa voos supostamente feitos para transportar armas do Irã ao regime sírio. Bagdá afirma que os iranianos diminuíram esses voos, mas que não tem condições de impedi-los completamente.

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