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Níveis de integração

Área de tarifas preferenciais: quando dois ou mais países decidem promover uma redução tarifária parcial, de maneira recíproca ou não.

Área de livre comércio: quando dois ou mais países optam por promover uma alíquota tarifária de importação igual a zero, mutuamente.

União aduaneira: quando dois ou mais países aprovam, além dos benefícios da área de livre comércio, a criação de uma tarifa externa comum (TEC).

Mercado comum: quando dois ou mais países decidem, a partir da situação de uma união aduaneira, liberar o fluxo de mão-de-obra e capital.

União monetária ou econômica: quando dois ou mais países optam, a partir do estágio de um mercado comum, pela criação de uma moeda comum, unificando as políticas externa, criando praticamente um novo país.

Integração Econômica Total: quando passam a ser adotadas políticas monetárias, fiscais e sociais comuns, estabelecendo-se uma autoridade supranacional.

Curitiba – O mundo é plano, diz Thomas Friedman. A ascensão da internet e a queda do Muro de Berlim em 1989 colocaram as relações comerciais numa linha horizontal. Mexicanos importam, via porto da Califórnia, imagens da santa do país, a Virgem de Guadalupe, fabricadas na China. Um americano que queira reclamar perda de bagagem numa viagem pela Delta Airlines é atendido por um jovem indiano em Bangalore. Programadores free-lancers de diversos países juntam forças para lançar softwares que competem com a IBM e a Microsoft.

Num mundo aparentemente cada vez mais sem-fronteiras, qual é o sentido de se manterem os blocos comerciais? A reportagem da Gazeta do Povo conversou com especialistas em economia internacional para tentar responder à pergunta.

Em toda a América, pelo menos cinco grupos principais estão unidos em acordos comerciais: Nafta (México, EUA e Canadá), Caricom (países do Caribe), CACM (América Central) , CAN (andinos) e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela). O Nafta, diferentemente dos demais, não se pretende a uma união aduaneira ou mercado comum – onde há intenção de liberar o fluxo de mão-de-obra e capital e se fazem acordos em conjunto – sendo apenas uma área de livre comércio, em que os países promovem menor alíquota de importação entre eles, porém continuam independentes para fazer acordos com terceiros.

O argumento mais difundido em defesa dos blocos é de que unidos, os países-membros teriam maior poder de barganha no momento de negociar com outros blocos ou com países desenvolvidos, mais ricos. Isso seria verdade, defende o doutor em integração econômica pela USP e professor das Faculdades Santa Cruz, Hugo Eduardo Meza Pinto, caso o bloco esteja interessado em competir com economias ricas, em vez de se voltarem para o regionalismo, como estão fazendo os grupos da América Latina.

"Os blocos comerciais da América Latina estão pensando numa integração regional, para dentro, quando na verdade nós deveríamos competir com mercados mais competitivos. Caso contrário não se privilegia a inovação tecnológica, a concorrência. Isso talvez seja demonstrado na situação de crescimento desses blocos em relação a outros países, como China e Índia, que estão estabelecendo uma série de acordo bilaterais."

O diplomata e doutor em ciências sociais Paulo Roberto de Almeida, autor do livro "Formação da Diplomacia Econômica no Brasil" (Editora Senac), relativiza o sucesso de um bloco econômico. "A defesa de um bloco comercial depende de cada caso. Os economistas, os mainstream, não os desenvolvimentistas, acreditam que caso haja uma integração, é muito melhor que seja de um país pobre com um país rico do que de países similares entre si. É mais interessante uma grande desigualdade do que uma pequena, porque a tendência dos blocos é eles irem se homogeneizando, de acordo com a teoria da vantagem comparativa. No caso da instalação de uma empresa, por exemplo, o país pobre oferece mão-de-obra barata e sai beneficiado pela industrialização."

O exemplo vale para uma comparação entre a participação do México no Nafta e do comércio entre o Mercosul e a Comunidade Andina, que devem se tornar um só bloco até 2014, a Comunidade Sul-Americana das Nações (CSN). "Um acordo entre o Mercosul e a Comunidade Andina cria muito pouco comércio, não oferece quase nada. Por quê? Porque os países estão numa fase de desenvolvimento similar. O caso do México, de entrar no Nafta, foi muito bom, porque atraiu investimento. Um acordo comercial não é necessariamente uma receita de sucesso, mas abre oportunidades", defende Almeida.

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