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Curitiba – A liderança brasileira está em jogo diante do fracasso – ou do sucesso – do Mercosul, analisa o senador paraguaio Carlos Mateo Balmelli, do Partido Liberal Radical Autêntico. A polêmica sobre acordos assinados entre Estados Unidos e Paraguai estremeceram recentemente as relações no bloco diante da possibilidade, muito cogitada na esfera diplomática brasileira, de que os dois países assinassem um acordo de livre comércio. Balmelli afirma que o Paraguai está agindo dentro de sua soberania e que deve exigir cada vez mais acesso aos mercados do bloco. Em entrevista concedida por telefone à Gazeta do Povo, Balmelli, que foi presidente do Congresso paraguaio até o ano passado, considera que se as questões comerciais do bloco não forem corrigidas, o Mercosul não terá mais razão de ser.

Gazeta do Povo – Como o senhor analisa o acordo do Paraguai com os Estados Unidos?

Carlos Mateo Balmelli – A autorização da presença dos EUA no Paraguai não contraria nenhum tratado internacional dos quais o país tenha assinado. É um bom acordo para o Paraguai, na área de saúde e de treinamento militar, já que não é a primeira vez que faz acordos com os EUA. A questão do treinamento militar, que ocorre há anos, não significa que os EUA terão base militar no Paraguai. Não creio que haja nenhum plano nesse sentido.

Mas o Brasil tem alegado que o acordo poderia colocar em xeque o Mercosul. O senhor concorda?

Creio que não. O Mercosul não tem nenhum tratado que proíbe acordos bilaterais. O Paraguai está atuando dentro de sua soberania.

Como o senhor avalia a postura do Mercosul em relação ao Paraguai?

O Mercosul está estancado. Não avança nem se aprofunda. Se não corrigimos algumas questões econômicas, o Mercosul não terá razão de ser. O Mercosul deve primeiro responder às necessidades comerciais, econômicas e aduaneiras e não somente o contexto político.

Se o Mercosul fracassar, haverá fracasso também da liderança brasileira. Seria a primeira iniciativa regional e o que está em jogo é a liderança do Brasil. O Brasil parece confundir liderança com hegemonia política.

O que o Paraguai prioriza hoje no Mercosul?

O Paraguai precisa insistir e reivindicar o acesso aos mercados brasileiro, argentino e uruguaio, sem restrições. Queremos igualdade de mercado e segurança política, sem compaixão ou solidariedade. Outro ponto é consolidar o poder judicial independente e supranacional no Mercosul para proteção diante de arbitrariedades entre os governos. Nos preocupa que os mercados não sejam totalmente abertos aos produtos paraguaios. É preciso falar com sinceridade sobre o que se quer com o Mercosul.

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