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A partir do próximo ano, Paraguai e Uruguai devem passar a integrar um projeto - já desenvolvido entre Brasil e Argentina - que tem o intuito de fazer o intercâmbio de professores para promover a integração cultural e linguística de alunos. O projeto Escolas Bilíngües de Fronteira existe desde 2004 e é um acordo bilateral entre os ministérios da Educação brasileiro e argentino.

A gente já fez uma reunião com Uruguai e Paraguai que já indicaram algumas cidades. Nesse segundo semestre a gente vai fazer o diagnóstico sociolingüístico e conversar com os professores para eles estarem preparados para começar em fevereiro, explica a coordenadora do projeto no Ministério da Educação (MEC), Roberta Oliveira.

A Venezuela também demonstrou interesse e as negociações com a Bolívia devem começar no segundo semestre. Na avaliação de Roberta, os resultados do projeto nesses primeiros quatro anos é bastante positiva.

No início nós não sabíamos muito bem como isso iria acontecer porque não há notícia de projetos semelhantes. O que existe são escolas com professores bilíngües que trabalham só naquele colégio. Mas nesse trabalho o professor vem de outro país trabalhar aqui, isso é muito novo. A gente passou por uma fase inicial muito de experimentação e de avaliação constante do trabalho, aponta a coordenadora.

Na questão do aprendizado da língua estrangeira, a avaliação inicial é de que as crianças brasileiras apresentam mais dificuldade do que as argentinas. Elas estranharam mais porque tinham muito menos contato com o espanhol do que os argentinos têm com o português. Mas hoje elas compreendem muito bem o espanhol, apesar de ainda tentarem falar em português com as professoras argentinas, diz Roberta. No próximo semestre, a coordenadora aponta que será intensificado o estímulo para que as crianças se comuniquem em espanhol, além de um trabalho forte com a escrita.

Ela ressalta que no início do projeto o principal foco de trabalho era a língua, mas que o intercâmbio cultural foi o principal ganho. A língua é um detalhe, a questão intercultural mesmo, do dia-a-dia, isso que é realmente o trabalho do projeto. Um trabalho que os professores desenvolvem com muita força é olhar pra escola do outro e aceitá-la porque as diferenças são grandes. Esse é o maior aprendizado, avalia.

Para Roberta, a particularidade do projeto está na formação diferenciada das crianças da região. Talvez seja um objetivo grande, mas a gente espera que elas sejam adultos diferentes dos que vivem hoje na fronteira. O que a gente encontrou lá são pessoas próximas fisicamente, mas que nunca se olhavam a não ser que houvesse algum interesse, não pensavam o que podiam aprender com o outro. A gente espera que essa criança tenha uma outra visão do espaço de convívio que foi marcado como um lugar de separação, acredita.

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