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Robert Acevedo, que foi atingido por dois tiros, recebe a visita do presidente Lugo: violência atinge o poder | Rafael Urzua/Reuters
Robert Acevedo, que foi atingido por dois tiros, recebe a visita do presidente Lugo: violência atinge o poder| Foto: Rafael Urzua/Reuters

Brasil deve negar extradições pedidas

Folhapress

O Brasil deverá negar o pedido de extradição de três supostos guerrilheiros paraguaios, que conseguiram a condição de refugiados em 2003. Um deles, Juan Arrom vive em Curitiba, onde tem uma loja de confecções. Os outros dois, Anuncio Martí e Víctor Colmán, também estariam morando na capital paranaense.

O Paraguai já pedira a extradição em 2006, mas o Comitê Na­­cional para os Refugiados (Co­­nare), ligado ao Ministério da Justiça, deu decisão contrária. Em fevereiro deste ano, Assunção fez novo pedido, que deverá ser analisado no próximo mês.

Para o governo paraguaio, os três refugiados fazem parte do Exército do Povo Paraguaio (EPP) e tiveram envolvimento em atentados terroristas.

"A tendência é que o comitê negue novamente a extradição, pois não há elementos para acatar o pedido do Paraguai", afirmou o coordenador-geral do Conare, Renato Zerbini.

Segundo Zerbini, o primeiro pedido de extradição foi negado por falta de provas – parte dos documentos enviados eram re­­cortes de reportagens de jornais, disse. O novo pedido, diz, também não traz provas consistentes.

Para ele, os três paraguaios podem ser considerados "bons refugiados", pois têm cumprido todas as suas obrigações como refugiados políticos, como manter contato com o governo brasileiro regularmente.

Seriamente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que pretende conversar "seriamente" com o colega paraguaio Fer­­nan­­­­do Lugo na próxima segunda-feira, quando os dois se en­­contram em Ponta Porã (MS), so­­bre a situação na zona de fronteira.

"[Não há] nenhuma possibilidade de ter qualquer discurso ou atuação precipitada sem que a gente acerte com o companheiro Lugo o que nós precisamos fazer conjuntamente", afirmou Lula.

"Nós pretendemos na segunda anunciar medidas comuns que vamos tirar e pretendemos discutir a questão das pessoas do Paraguai que estão no Brasil. Até a revisão do refúgio [dos supostos membros do EPP] vamos ter que discutir com o presidente Lugo", acrescentou o presidente.

O ministro do Interior, Rafael Filizzola, cobrou do governo brasileiro a extradição dos guerrilheiros paraguaios. "Quero aproveitar para dizer que o governo brasileiro deveria mandar esses guerrilheiros para responder por seus crimes aqui no Paraguai."

A Polícia Nacional do Paraguai prendeu ontem em Pedro Juan Caballero, fronteira com Ponta Porã (MS), mais dois brasileiros acusados de participação no aten­­tado contra o senador liberal Robert Acevedo. Apontados pelo Ministério do Interior paraguaio como integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), José dos Santos e Manuel dos Santos estavam em um Gol branco a poucos metros da casa de um traficante paraguaio quan­­do foram abordados pelos policiais.

A prisão ocorreu um dia após outros dois brasileiros, Eduardo da Silva, 27 anos, e Marcos Cor­­deiro Pereira, 34 anos, terem sido detidos na cidade fronteiriça, também sob a suspeita de participação no crime. Eles alegam ser inocentes. Contra os dois também pesa a acusação de envolvimento com o PCC.

O atentado ao senador Robert Acevedo, do Partido Liberal Ra­­dical Autêntico (PLRA), ocorreu na tarde de segunda-feira, em uma rua próxima à fronteira com o Brasil. Os criminosos dispararam 30 tiros contra o carro do se­­nador, que foi atingido em um braço, e de raspão, na cabeça, mas passa bem. O motorista e um guarda costa morreram na hora.

Proprietário de uma rádio, Acevedo é conhecido pelas du­­ras críticas aos narcotraficantes que dominam a região de fronteira entre o Paraguai e o Brasil. Em entrevista, ele culpou o narcotráfico pelos ataques. Ontem à noite, o presidente Fer­­nando Lugo visitou Acevedo no hospital.

O Banco Itaú informou ontem que as placas do carro utilizado no atentado contra o senador são clonadas. A placa original pertence a outro veículo financiado pela instituição. A promotora pa­­raguaia Lourdes Pena havia declarado na segunda-feira que o veículo estava em nome do ban­­co e era clonado.

Militarização

Em estado de exceção, Pedro Juan Caballero foi militarizada ontem. No total, 350 soldados foram destacados para atuar na cidade. Por causa da situação tensa, a polícia tem reforçado o número de abordagens nas ruas.

O pedido de militarização foi feito pelo presidente do Con­­gresso paraguaio, senador Mi­­guel Carrizosa.

Para o irmão do senador Ace­­vedo, José Carlos Acevedo, o clima na cidade de Pedro Juan Ca­­ballero, local dos ataques, é de muito medo. "As pessoas comentam na rua, se isso aconteceu com um senador, o que pode acontecer com uma pessoa co­­mum?", disse.

José Carlos também ressaltou a contribuição do governo brasileiro nas investigações do caso. "O Brasil está ajudando muito, as polícias civil e militar, a embaixada em Assunção, todo o esforço que estão fazendo auxilia pa­­ra que o autores materiais e morais deste crime sejam rapidamente encontrados."

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