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Anuncio Martí, Victor Colmán (da esquerda para a direita) e Juan Arrom (embaixo): base de ação no Paraná | Fotos: La Nacion
Anuncio Martí, Victor Colmán (da esquerda para a direita) e Juan Arrom (embaixo): base de ação no Paraná| Foto: Fotos: La Nacion

Paradeiro

Refugiados podem estar em Curitiba

Helena Carnieri e Denise Paro

O pedido feito pelo governo paraguaio para a extradição de três paraguaios refugiados no Brasil levanta uma dúvida: onde exatamente estão eles? O Ministério da Justiça brasileiro informa apenas que a legislação não permite divulgar o paradeiro.

Segundo a Embaixada do Brasil em Assunção e jornalistas do La Nación, eles estariam em Curitiba, mas o consulado na capital paranaense e a associação Casa Paraguaia nunca ouviram falar deles. Já a Policia Nacional, do Paraguai, acredita que eles estejam em Foz, de onde fariam entradas clandestinas no território paraguaio.

Se for verdade, o grupo pode perder a condição de refugiado político concedida pelo Brasil. "Se a pessoa recebe o status de refugiado, deve prestar informações (de seu paradeiro). Se não fizer, o governo pode achar que a pessoa não merece ou não precisa de proteção", explica o juiz federal Friedman Wendpap.

Origem

Guerrilha quer "pulverizar classe política" e tomar poder

Da Redação

"Frente à mentira reacionária, a verdade revolucionária." O lema do Exército do Povo Paraguaio (EPP) demonstra o impulso ativista do grupo guerrilheiro. Segundo documentos encontrados em um acampamento abandonado, no ano passado, o grupo tem inspiração marxista-leninista e pretende "pulverizar a classe política" paraguaia para tomar o poder.

Conforme os documentos, o EPP foi instituído oficialmente em 1º de março de 2008, após romper com o Partido Pátria Livre, efêmera sigla de extrema-esquerda paraguaia. Os documentos encontrados no acampamento relacionam 60 membros, alguns deles provenientes do Pátria Livre. O líder declarado é o ex-marceneiro Osvaldo Villalba, que foi introduzido na guerrilha pela irmã mais velha.

Para financiar suas operações, o EPP realiza sequestros e assaltos a banco. "Necessitamos de US$ 500 mil para iniciar nossa decolagem", calcula o grupo em um dos documentos.

A Procuradoria-Geral da República do Paraguai afirma ter provas de que o EPP mantém relações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

  • Veja as acusações contra o Exército do Povo Paraguaio

O governo paraguaio pressiona o Brasil para extraditar três paraguaios acusados de sequestro e ligações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Juan Arrom, Anuncio Mar­­tí e Victor Colmán estariam co­­mandando, do Paraná, o Exército do Povo Paraguaio (EPP), grupo caçado pelo governo do esquerdista Fernando Lugo, que o acusa de inúmeros crimes cometidos a partir de 2001.

Após sua prisão e com o argumento de que teriam sofrido tortura para confessar os crimes, Arrom, Martí e Colmán receberam refúgio político do Brasil, concedido pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare).

O Paraguai alega ter provas contundentes da ligação dos três com as Farcs e novas evidências que relacionam o grupo ao se­­questro da esposa de um rico em­­presário em 2002 (leia mais, ao lado) e quer que o Brasil reconsidere a concessão de refúgio. No início do mês, o Ministério das Relações Exteriores do Paraguai enviou um novo documento ao Conare solicitando a extradição. Até ontem, o Brasil ainda não ha­­via se manifestado sobre o assunto, segundo a chancelaria paraguaia.

No documento, os paraguaios sustentam ter evidências materiais, como a troca de e-mails en­­tre chefes das Farcs e membros do Par­­tido Pátria Livre (PPL), braço político do EPP, dirigido por Ar­­rom e criado em 2002 sob inspiração ideológica de extrema esquerda.

Alguns dos e-mails teriam si­­do localizados no computador de Raul Reyes, um dos líderes das Farcs morto há dois anos durante uma ação do Exército Colom­­biano.

Hoje, o PPL praticamente se desintegrou depois que muitos dos membros migraram para o EPP, segundo a imprensa paraguaia. Mesmo após o refúgio no Brasil, o trio continuaria dando ordens para o EPP agir no país vi­­zinho.

Prisão

Enquanto o impasse com o Brasil não chega ao fim, as investigações sobre o paradeiro dos de­­mais membros do EPP prosseguem no Paraguai. No último sábado, a Polícia Nacional prendeu Alcio Alcides Soria Riveiros, apontado como suposto colaborador logístico do EPP. Ele foi detido em uma rua do distrito de Horqueta, de­­par­­tamento de Con­­cepción, no momento que iria a um campo de futebol.

O comissário chefe do Depar­­tamento da Polícia Nacional em Assunção, Oscar Laroza, diz que Riveiros é acusado de dar apoio logístico ao grupo. "Ele carregava os celulares e providenciava alimentação para o grupo", diz. Riveiros foi levado para Assun­­ção de helicóptero e está detido na penitenciária de Tacumbu. Ele era procurado por suspeita de participação nos sequestros dos fazendeiros Luis Lindstron, em 2008, e Fidel Zavala, no ano passado.

Laroza diz que, há duas semanas, a Polícia Nacional montou 17 barreiras policiais em pontos de entrada e saída de Assunção. A medida foi adotada porque um manual apreendido, que seria do EPP, afirma que o grupo poderá atuar na cidade e promover novos sequestros.

Desde que iniciou sua cruzada contra os guerrilheiros, a polícia paraguaia capturou nove pessoas. Todas, porém, são consideradas integrantes da logística do gru­­po, colaborando com veículos, te­­­­lefones e alimentação.

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