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Suposto prédio da Mossack Fonseca  no Panamá | Johannes Eisele/AFP
Suposto prédio da Mossack Fonseca no Panamá| Foto: Johannes Eisele/AFP

Enquanto causa estragos entre líderes de vários países, o megavazamento de dados financeiros saídos do Panamá tem participação modesta da maior economia do mundo. Não há personalidades estadunidenses conhecidas nos documentos divulgados até agora, que citam nomes como Vladimir Putin, Mauricio Macri e Bashar al-Assad em ligações diretas ou indiretas com operações financeiras em paraísos fiscais.

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Um dos motivos apontados por especialistas para o baixo número de personalidades dos EUA nos chamados “Panama Papers” é que eles não precisam de contas no exterior para manter seu dinheiro em segredo.

Depois de anos pressionando outros países por ajudar americanos a sonegar impostos, os EUA se tornaram um destino quente para capitais em busca de sigilo.

Eles estão trocando paraísos fiscais como Bahamas e Ilhas Virgens Britânicas por Delaware, Nevada, Wyoming e Dakota do Sul, Estados americanos onde é possível abrir empresas até de forma anônima.

Até hoje os EUA não assinaram o pacto para troca de informações financeiras da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE). Por conta disso, o país tem sido chamado de “a nova Suíça”, afirma a Bloomberg.

“Os americanos podem criar empresas de fachada em Wyoming, Delaware ou Nevada. Não precisam ir ao Panamá para usar uma dessas companhias em atividades ilícitas”, disse Shima Baradaran Baughman, professora de direito da Universidade de Utah, ao portal Fusion.

Grupos distintos

Até agora foram identificadas 211 pessoas com passaportes dos EUA que tem empresas offshore, segundo o portal.

O Fusion foi um dos veículos de mídia que teve acesso ao material vazado do escritório de advocacia Mossack Fonseca, especializado em abrir empresas offshore, muito usadas para escapar de impostos e manter a identidade dos donos em sigilo.

“Alguns pareciam ser aposentados americanos procurando imóveis em lugares como a Costa Rica e o Panamá”, segundo reportagem do grupo de mídia McClatchy, que participou da investigação. Mas também aparecem entre os americanos os nomes de quatro pessoas acusadas de graves crimes financeiros nos EUA, que teriam evadido cerca de US$ 300 milhões (R$ 1,1 bilhão).

Segundo a reportagem, há ainda pessoas envolvidas em tráfico de drogas e na lavagem de cerca de US$ 1 bilhão (R$ 3,68 bilhões) em contas ‘offshore’.

“Problema global”

O presidente dos EUA, Barack Obama, foi a público para comentar o vazamento dos “Panama Papers”. Ele disse que a sonegação é um problema global e criticou a oposição republicana por barrar suas propostas no Congresso para fechar as “brechas” que permitem a evasão de impostos.

“Aqui nos EUA há brechas a que só os ricos e as corporações poderosas tem acesso”, disse o presidente.

Os EUA estão em terceiro lugar no ranking dos países “infratores” em facilitação de sigilo financeiro e sonegação de impostos, segundo estudo da Tax Justice Network, organização com base em Londres que rastreia movimentações em paraísos fiscais.

O Senado americano estimou em 2004 que o volume de impostos sonegados no país e enviados a paraísos fiscais chegava a US$ 150 bilhões (R$ 552 bilhões).

De fato, a presença americana nos “Panama Papers” não é tão pequena se for considerado que dos 14 mil empresas que a Mossack Fonseca usava como intermediárias, 617 eram baseadas nos EUA, segundo a investigação do consórcio de jornalistas que revelou o vazamento.

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