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Governo indonésio disse que execução de Gularte é uma questão de “pressionar um botão” | Antara Foto/Reuters
Governo indonésio disse que execução de Gularte é uma questão de “pressionar um botão”| Foto: Antara Foto/Reuters

Apelo

Mãe de Gularte envia pedido de clemência ao Papa Francisco

A mãe de Rodrigo Gularte, paranaense condenado à morte por tráfico de drogas na Indonésia, espera ajuda do Papa Francisco para evitar que o filho seja executado.

O nome do brasileiro apareceu numa lista de prisioneiros que serão executados divulgada pelo governo indonésio, na última quarta-feira. O Ministério das Relações Exteriores informou à reportagem, por intermédio de sua assessoria, que a embaixada do Brasil em Jacarta não recebeu comunicação oficial sobre a execução de Gularte.

Clarisse Muxfeldt Gularte enviou uma carta ao Papa Francisco, no último dia 21, em que faz um apelo ao pontífice para que ele faça um pedido de clemência ao governo da Indonésia, e assim evitar que o filho seja executado. A reportagem teve acesso ao documento ontem.

Na carta, Clarisse pede que o filho seja internado em um hospital psiquiátrico por causa da esquizofrenia. Ela se refere ao filho como "uma boa pessoa que errou".

"Errou, mas não acredito que medida tão violenta e extrema, como a pena de morte, ofereça solução aos motivos que levaram a tão drástica condenação", diz trecho do documento.

Clarisse, que também enviou cartas à presidente Dilma Rousseff e à Organização das Nações Unidas (ONU), oferece, em troca, ajuda em uma eventual campanha internacional contra o uso de drogas e a ajudar a pessoas que delas sejam vítimas.

"A pena de morte certamente não se coaduna com a vontade de Deus. Que Ele nos proteja, nos dê compreensão e nos salve", finaliza a carta, escrita pela mãe do brasileiro Rodrigo Gularte.

No presídio, Rodrigo Gularte tem falas confusas a maior parte do tempo e relaciona a saída da cela à execução. Por isso, ele não aceita a ideia de sair da prisão.

Após ter seus pedidos de clemência negado, o nome do paranaense Rodrigo Gularte apareceu em uma lista de prisioneiros que serão executados divulgada pelo governo indonésio, na última quarta-feira. De acordo com o jornal The Jakarta Post, as autoridades já começaram a preparar a prisão na ilha de Nusakambangan, em Cilacap, onde deve ocorrer a execução, em fevereiro. A data exata, no entanto, ainda não foi divulgada.

"Nós estamos muito prontos. Agora é apenas uma questão de pressionar o botão", disse o Ulung Sampurna Jaya, chefe da polícia de Cilacap ao Jakarta Post.

A informação de que o governo indonésio pretende executar mais 11 prisioneiros foi passada pela Procuradoria Geral do país ao parlamento durante uma reunião que aconteceu na quarta-feira. Não encontro não foram passados outros detalhes, apenas que ainda está sendo decidida a data e o local exato onde ocorrerá a execução. Além do brasileiro, a lista inclui cidadãos da Austrália, França, Filipinas, Gana e Espanha.

A família de Rodrigo Gularte, preso em 2004 tentando entrar no país com seis quilos de cocaína dentro de pranchas de surfe, tenta impedir a execução do brasileiro. Em entrevista ao Fantástico da TV Globo, Angelita Gularte, prima dele, disse por e-mail que o brasileiro está enlouquecendo na prisão, onde recebe a visita constante de médicos e religiosos. Ela tenta um laudo de autoridades da Indonésia constatando que o primo sofre de esquizofrenia, que o livraria do fuzilamento

O governo brasileiro tem pouca esperança de reverter a condenação de Gularte. Oficialmente, o governo Dilma Rousseff continuará tentando evitar a morte dele. Nos bastidores, no entanto, as autoridades já perderam a fé nessa possibilidade, já que o último pedido de clemência de Rodrigo foi negado.

No início do mês o governo indonésio executou o brasileiro Marco Archer, condenado em 2004 por tentar entrar na Indonésia com 13,4 quilos de cocaína escondidos em uma asa-delta. Na ocasião, ele confessou ter recebido US$ 10 mil dólares para levar a droga do Peru, com conexão em São Paulo. Ele foi o primeiro brasileiro executado no exterior. Logo após a execução, o Ministério das Relações Exteriores entregou ao embaixador da Indonésia no Brasil, Toto Riyanto, uma nota de repúdio pela execução e por terem sido ignorados os pedidos de clemência e os apelos feitos pelo governo brasileiro.

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