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Um ministro grego de alto escalão alertou que parlamentares rebeldes ainda têm a possibilidade de bloquear as reformas exigidas pelos credores internacionais do país, embora o Parlamento deva aprovar na próxima semana um pacote global de austeridade para impedir o país de ir à falência.

Somando-se aos problemas já enfrentados pelo primeiro-ministro socialista George Papandreou, a oposição conservadora rejeitou no domingo (26) apelos do governo e de políticos seniores da União Europeia para cumprir seu dever e apoiar o plano de médio prazo.

O Parlamento deve começar a discutir na segunda-feira (27) o programa de aumentos de impostos e cortes nos gastos no valor de 28 bilhões de euros ao longo de cinco anos. Papandreou precisa da aprovação do Parlamento esta semana para conseguir a próxima parcela do pacote de resgate de 110 bilhões de euros oferecido pela UE e o FMI.

Em entrevista publicada no domingo, o vice-primeiro-ministro Theodor Pangalos mostrou-se otimista quanto às chances de ser vencida a primeira rodada de votação geral dos alvos de impostos e gastos, além da criação de uma agência de privatização, apesar da insatisfação no interior de seu partido, o Pasok.

Mas ele se mostrou mais cauteloso quanto às chances de o governo conseguir fazer aprovar outras leis que possibilitem medidas orçamentárias individuais e a privatização de ativos estatais específicos.

"Acho que o pacote de medidas de curto e médio prazo com o qual, basicamente, esperamos criar o quadro geral para empreender reformas, será aprovado sem dificuldades," disse Pangalos ao jornal espanhol El Mundo, em entrevista publicada neste domingo.

Ele afirmou, no entanto, que será mais difícil garantir a aprovação de leis específicas para a promulgação de reformas fiscais e privatizações de empresas públicas. "É ali que podemos ter problemas. Não sei se alguns deputados de nosso Parlamento votarão contra. É possível," disse ele.

Sem o dinheiro do FMI e da União Europeia, a Grécia enfrenta a perspectiva de tornar-se no próximo mês o primeiro país da zona do euro a tornar-se inadimplente, transmitindo ondas de choque pelo frágil sistema financeiro global.

Entretanto, muitos cidadãos gregos comuns, que nos últimos dois anos perderam seus empregos ou viram sua renda real declinar em quase um quinto, vêm reagindo com indignação às medidas que, segundo eles, não miram os sonegadores fiscais ricos que eles vêem como sendo responsáveis pela situação difícil em que a Grécia se encontra.

Nos últimos 13 meses o partido Pasok, de Papandreou, viu sua maioria estreita ser reduzida ainda mais por cinco deserções, o que o deixou com 155 cadeiras no Parlamento, que tem 300 integrantes.

Dois de seus deputados já anunciaram que não vão apoiar o acordo na próxima semana, e um terceiro reiterou no domingo que só apoiará o acordo se receber garantias do novo ministro das Finanças, Evangelos Venizelos.

O deputado Panagiotis Kouroublis disse no domingo à rádio estatal NET: "Apresentei a Venizelos um documento com 16 pontos ... e espero respostas específicas. Minha posição vai depender dessas respostas."

Intensificando as pressões sobre o governo, os sindicatos convocaram uma greve nacional de dois dias, começando na terça-feira. Muitas empresas --incluindo a principal companhia de eletricidade, PPC, que está prevista para ser parcialmente privatizada no próximo ano-- já iniciaram greves parciais consecutivas.

O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, exortou o Parlamento grego a aprovar as medidas, avisando que a UE não vai abrir mão dessa condição para fazer o desembolso da próxima parcela, de 12 bilhões de euros, do pacote de ajuda.

"A estabilidade de toda a zona do euro ficaria em risco, e precisaríamos assegurar rapidamente que fosse contido o risco de contágio do sistema financeiro e de outros países da zona do euro," disse Schaeuble ao jornal alemão Bild am Sonntag.

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