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O Parlamento Europeu pediu à França nesta quinta-feira que suspenda a expulsão de ciganos. A rara crítica a um Estado membro do bloco foi apoiada por 337 parlamentares, em uma reunião em Estrasburgo, na França, e rejeitada por 245 deles. Houve 51 abstenções.

A França acelerou sua antiga política de controle dos ciganos do Leste Europeu, chamados de Roma, e passou a mandá-los para casa em maior número. Funcionários desmantelaram mais de 100 acampamentos ilegais e expulsaram mais de mil ciganos, a maioria para a Romênia e a Bulgária, países também membros da União Europeia.

A política gerou críticas das Nações Unidas e da Igreja Católica Muitos no Parlamento Europeu acusam Paris de ter como alvo os ciganos como um grupo, ignorando as garantias de direitos humanos essenciais do bloco europeu.

O ministro da imigração da França, Eric Besson, respondeu um pouco mais tarde e afirmou que a França continuará a expulsar os ciganos, dizendo que as medidas não são uma expulsão, mas "repatriações voluntárias". Segundo ele, a resolução de hoje do Parlamento Europeu foi uma "medida política".

Besson deu as declarações em Bucareste após se encontrar com funcionários romenos para discutir a expulsão de mais de mil ciganos, muitos dos quais são cidadãos romenos que não possuem permissão de residência na França. As expulsões fazem parte da política de segurança do presidente Nicolas Sarkozy.

Os Roma enfrentam uma ampla discriminação na Europa para arrumar moradias, empregos ou mesmo conseguir matrículas para as crianças nas escolas públicas. Como cidadãos europeus, eles têm o direito de viajar à França, mas precisam obter os documentos de permissão para viver e trabalhar lá a longo prazo.

A resolução do Parlamento Europeu "expressa a mais profunda preocupação com as medidas tomadas pelas autoridades francesas e pelas autoridades de outros países membros, que têm os ciganos como alvo", e insta os países a "imediatamente suspenderem as expulsões dos Roma". Os legisladores também se disseram "profundamente preocupados, em particular, com a retórica abertamente discriminatória e inflamada que tem caracterizado os discursos políticos".

"É pouco comum que o Parlamento Europeu critique um país membro dessa maneira, ainda mais um dos fundadores da União Europeia", disse o legislador Claude Moraes, do Partido Trabalhista da Grã-Bretanha. A votação colocou os socialistas, verdes e liberais em uma grande coalizão contra o conservador Partido do Povo Europeu, o qual inclui, na França, a União por um Movimento Popular (UMP), o partido de Sarkozy. "Essa foi uma condenação extraordinária ao presidente Sarkozy e a seu governo", disse Moraes.

Na quarta-feira, a Comissão Europeia insistiu que as autoridades francesas dessem mais informações sobre os casos de várias deportações de ciganos e buscassem o auxílio da UE para garantir que suas ações sejam legais. O Parlamento Europeu disse hoje que a Comissão Europeia agiu muito tarde e deixou a questão ficar fora de controle.

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