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O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, fala em discurso transmitido pela televisão, 8 de novembro
O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, fala em discurso transmitido pela televisão, 8 de novembro| Foto: EFE/Jorge Torres

O partido Caminho Cristão Nicaraguense (CCN), um dos poucos que disputaram as eleições gerais de domingo na Nicarágua, denunciou uma suposta fraude eleitoral em favor da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), legenda do ditador do país, Daniel Ortega, que se reelegeu. O pleito foi amplamente visto como uma farsa eleitoral, depois que o regime de Ortega prendeu todos os principais candidatos da oposição e fez reformas que minaram a credibilidade do processo.

Segundo o CCN, as autoridades eleitorais do país centro-americano falsificaram o número de eleitores participantes. O partido alega que a real participação nas urnas foi de 25% dos cidadãos aptos a votar.

Curiosamente, o CCN, cujo candidato à presidência era o reverendo Guillermo Osorno, deputado do Parlamento Centro-Americano (Parlacen), isentou Ortega de culpa na suposta fraude. O ditador nicaraguense ganhou seu quinto mandato presidencial e quarto consecutivo.

Na denúncia, o CCN alegou anomalias supostamente realizadas pelos sandinistas que teriam resultado na alteração do número de eleitores e votos a favor da FSLN.

Osorno afirmou que as anomalias não alteraram a vitória de Ortega, que segundo os números oficiais venceu com 75,92% dos votos, mas sim a eleição dos 90 deputados para a Assembleia Nacional.

De acordo com o relatório do Conselho Superior Eleitoral, a FSLN ganhou 75 dos 90 assentos em disputa, enquanto a CCN conseguiu um.

O reverendo argumentou que a baixa popularidade da FSLN e a ânsia dos sandinistas de se enraizar com Ortega pode tê-los levado a alterar os dados usando estratégias diferentes.

"Muitas pessoas querem se dar bem com o presidente, com a vice-presidente (Rosario Murillo, que também é esposa de Ortega). O bem que quiseram fazer a si mesmas está fazendo muito mal. Todos sabem que a FSLN não tem a simpatia que sempre teve (...) a FSLN está perdendo seu próprio povo", disse.

Fraudes nos locais de votação

Através de quatro de seus fiscais eleitorais, a CCN explicou que os sandinistas, sob ordens de pessoas não credenciadas pelas autoridades eleitorais, supostamente impediram a presença de observadores de outros partidos nos postos de votação, marcaram cédulas vazias, anularam votos contrários e alteraram os registros de votação.

Uma segunda observadora relatou que em um posto eleitoral a folha de totalização, que resume os votos na urna, foi entregue no momento em que o processo de votação estava começando, e que fiscais mulheres foram impedidas de entrar e até mesmo "ameaçadas de serem estupradas".

Abstenção

O deputado do Parlacen, que foi aliado dos sandinistas nas eleições de 2011 e 2016, alegou que, no máximo, 25% dos eleitores de fato foram às urnas. "Talvez 1 milhão ou um pouco menos (de eleitores, do total de 4,4 milhões)", afirmou.

"O 'não voto' é que ganhou aqui", comentou.

Osorno pediu a Ortega que anule as eleições de domingo e realize eleições confiáveis em novembro de 2022, para que os nicaraguenses possam eleger o presidente no mesmo dia em que votarem para prefeito.

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