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Antonis Samaras, líder do Nova Democracia, partido que venceu as eleições gregas e que busca apoio para formar o novo governo | Andreas Solaro/AFP
Antonis Samaras, líder do Nova Democracia, partido que venceu as eleições gregas e que busca apoio para formar o novo governo| Foto: Andreas Solaro/AFP

Líder de esquerda rejeita acordo

O líder da coalizão de esquerda radical Syriza, Alexis Tsipras, admitiu a derrota­­ de sua coligação para o par­­ti­­do conservador Nova De­­mo­­cracia nas eleições realizadas ontem na Grécia. Ain­­da segundo ele, o Syriza não deve participar de nenhuma espécie de governo de unidade nacional.

Em pronunciamento televisionado, Tsipras informou ter telefonado para o líder do Nova Democracia, Antonis Samaras, para parabenizá-lo pela vitória e observou que o Nova Democracia poderá agora formar um novo governo, ao contrário do que aconteceu na eleição de 6 de maio, que terminou com resultado inconclusivo.

Tsipras disse que o Syriza atuará a partir de agora como uma força "honrosa de oposição", praticamente descartando qualquer possibilidade de participação de alguma espécie de governo de unidade.

Ele reiterou a posição de sua coligação, contrária ao rigoroso programa de austeridade exigido pelos credores da Grécia, e conclamou a Europa a se distanciar dos planos de aperto adotados para fazer frente à crise.

"Todos têm de reconhecer que as medidas de austeridade não podem continuar em vigor porque violam o veredicto popular", declarou. "A proposta de reverter o memorando de empréstimo é a única solução viável não apenas para os gregos, mas para os outros povos europeus. É a única solução viável para a Europa."

O difícil entendimento

O partido Nova Democracia, vitorioso nas eleições de ontem, precisará do apoio de outros partidos para governar a Grécia. Veja algumas das possibilidades de acordo entre as legendas:

Nova Democracia e Socialistas(Pasok)

• É a coalizão apontada como mais provável pelos analistas. Os dois partidos poderiam formar um governo com pelo menos 162 cadeiras no Parlamento. O problema é que os socialistas se negam a integrar um governo sem o apoio de outras forças políticas. O líder do Pasok, Evánguelos Venizelos, propôs um acordo com o Syriza, que elegeu cerca de 70 deputados, mas o partido de esquerda radical já adiantou que não participará de um governo que cumprirá o programa de austeridade da União Europeia.

Nova Democracia, Socialistas (Passok) e Dimar

• A moderada Esquerda Democrática (Dimar) terá uma representação de aproximadamente 6% do Parlamento, o que a torna atrativa para os planos do Nova Democracia na formação do novo governo. O partido, entretando, enfrenta resistências internas a uma coalização, já que é formado por dissidentes socialistas e da esquerda radical. O Dimar tende a impor uma condição para participar do governo, isto é, a participação do Syriza.

Nova Democracia, Socialistas e Conservadores

• É a coalizão mais improvável, segundo os analistas. Os conservadores do partido Gregos Independentes não concordam com as condições do pacote de austeridade da União Europeia.

A Constituição da Grécia prevê nova eleição em caso de os partidos não conseguirem, novamente, formar um governo.

  • Alexis Tsipras, da esquerda radical, descarta união nacional

O partido conservador Nova Democracia, favorável, ainda que com ajustes, ao pacote de austeridade imposto à Grécia pela União Europeia, venceu as eleições parlamentares de ontem no país.

Mas a formação de um novo governo que aceite o pacote, crucial para o país manter-se na zona do euro, ainda é incerta. A sigla terá de negociar a formação de uma coalizão com outras legendas.

Com 99% dos votos apurados, o Nova Democracia tinha 29,7% e 129 cadeiras no Parlamento, menos do que as 151 que garantem a maioria.

De acordo com a legislação grega, a sigla mais vota­­da tem direito a 50 vagas adicionais às que obteve na votação proporcional.

Antonis Samaras, 61 anos, líder do partido e primeiro-ministro se houver acordo, declarou, após a eleição, que o resultado foi "uma vitória para toda a Europa".

O Syriza (Coalizão da Es­­querda Radical), que conquistou um inédito segundo lugar com um discurso contrário ao pacote de socorro, deverá ter 71 parlamentares.

O terceiro lugar coube ao­­ socialista Pasok, que, com­­ 33 cadeiras, terá papel­­ decisivo na formação de uma­­ coalizão. Ao lado do Nova De­­mo­­cracia, o Pasok constituiu a base do governo interino do ex-primeiro-ministro Lucas Papademos, período em que foi acertado o segundo pacote de socorro ao país.

Apesar disso, dirigentes do Pasok declararam ontem à noite que só aceitariam participar de uma coalizão que contasse com a participação do Syriza e do partido Esquerda Democrática, que obteve 6,2% dos votos e 17 representantes no Parlamento.

A tarefa é inviável: o líder do Syriza, Alexis Tsipras, 37 anos, anunciou que seu partido fará oposição às políticas de austeridade.

As autoridades europeias­­ temiam uma vitória do­­ Syri­­za na votação, pois is­­so poria em risco a permanência da Grécia no euro.

Assim, Samaras terá de convencer os socialistas a for­­mar com ele um governo.

Entre os maiores críticas do pacote europeu, a grande surpresa é o partido Aurora Dourada, de extrema direita, que obteve cerca de 7% dos votos, o suficiente para ingressar pela primeira vez no Parlamento com 18 representantes no total. O Aurora Dourada é associado ao neonazismo, mas suas lideranças negam o rótulo, dizendo ser nacionalistas.

Alemanha, FMI e Eurogrupo exigem respeito aos acordosAgência Estado

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, parabenizou ontem o líder do partido Nova Democracia pela vitória nas eleições, informou o governo alemão por meio de nota. Por telefone, Merkel parabenizou Samaras "ao mesmo tempo em que disse esperar que a Grécia cumpra seus compromissos com a Europa". Exigências também foram feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Eurogrupo.

O FMI informou que está preparado para retomar os contatos com o governo da Grécia. "Estamos prontos para trabalhar com o novo governo de forma a ajudar a Grécia a conquistar o objetivo de restaurar a estabilidade financeira, o crescimento econômico e a recuperação dos empregos", disse um porta-voz.

Já os ministros das Fi­­nan­­ças dos países da zona do euro, que formam o chamado Eurogrupo, manifestaram expectativa em que a Grécia cumpra os compromissos assumidos em troca do segundo pacote de resgate financeiro ao país, mas disseram que "trocariam ideias" com o próximo governo do país com relação ao caminho a ser seguido.

Em comunicado, os ministros das Finanças dos países da zona do euro, que formam o chamado Eurogrupo, declararam que "os resultados iniciais devem permitir a formação de um governo que leve adiante o apoio do eleitorado" à restauração da economia grega rumo ao crescimento. Os integrantes do Eurogrupo disseram esperar "a rápida formação de um novo governo grego que assuma a propriedade do programa de ajuste sobre o qual a Grécia e o Eurogrupo se comprometeram no início do ano". As informações são da Dow Jones.

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