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Os escândalos do presidente paraguaio, Fernando Lugo, encabeçam as manchetes, motivam piadas de todo tipo e até servem para uma campanha governamental de paternidade responsável.

Mas, duas semanas depois de aparecer a primeira denúncia de que o ex-bispo teria um filho ilegítimo, muitos paraguaios reivindicam uma volta à tranquilidade para que o presidente possa governar.

Três mulheres declararam publicamente ter tido filhos com Lugo, duas delas antes que ele abandonasse a batina para se dedicar à política. O presidente reconheceu uma das crianças, que desde quinta-feira passada leva seu sobrenome, e deixou os outros casos nas mãos da Justiça.

Analistas acham pouco provável que o assunto acabe com o governo, embora muitos paraguaios se sintam ludibriados por esse político que era considerado moralmente inatacável e que ergueu a bandeira da honestidade em sua trajetória até o poder.

A imagem de Lugo como governante "honrado" caiu de 64 para 48 por cento, segundo pesquisa divulgada na semana passada.

A advogada de uma ONG que trabalha com mulheres violentadas disse que Lugo é culpado de "abandono material" de uma das crianças. Sua mãe, Benigna Leguizamón, é uma humilde vendedora de detergentes que mora numa pequena casa de madeira e mantém quatro filhos, já que o marido está doente e acamado.

Aproveitando a situação, a Secretaria da Infância e Adolescência anunciou o lançamento de uma campanha de paternidade responsável, num país onde um em cada quatro menores não é reconhecido por seus pais.

"O que dizemos é que isso sirva para mobilizar os centenas de milhares de homens paraguaios que estão negando a paternidade e o apoio aos seus filhos", disse a jornalistas a secretária da pasta da Mulher, Gloria Rubin.

Ponto final

Enquanto os escândalos se acumulam, muitos acham que é hora de o país voltar à normalidade. "O presidente deve solucionar o tema com a brevidade possível e se pôr a governar. Precisamos que governe de maneira efetiva e eficiente", disse o vice-presidente Federico Franco num programa de TV, onde pediu desculpas ao eleitorado.

O diário Popular usou uma expressão em guarani para ilustrar o enfado da população. "O povo 'ikueraima' (está cansado)! Vamos ver se aparecem todas juntas de uma vez", foi o título sobre a foto da terceira mulher que diz ter tido um filho de Lugo.

"Espero que o presidente Lugo reconheça de uma vez todos os seus filhos, se houver mais (...), e que pelo menos saiba administrar a crise do seu governo, sem ficar numa posição de dúvida", disse o presidente do Congresso, Enrique González, do partido direitista Unace.

A vida privada de Lugo motiva diversas piadas na imprensa, e até uma canção em ritmo tropical que se tornou muito popular. "Lugo tem coração, mas não usou camisinha", diz o refrão da música que circula na internet (Veja aqui a música no site YouTube).

"Obrigado por ligar para gabinete da Presidência. Para falar com a recepção, tecle 1; para solicitar o reconhecimento de paternidade, tecle 2 (...), para falar com a assessoria jurídica, o telefone não funciona", diz outra piada.

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