Resposta
Agência iraniana divulga nota
A agência de notícias Iran Book News Agency (IBNA), especializada em literatura, divulgou ontem nota sobre o caso de censura aos livros do escritor brasileiro Paulo Coelho naquele país. O órgão afirma não ter vínculos com o governo e publicou texto a respeito de um fórum de especialistas críticos à obra do autor, realizado na segunda-feira.
Ainda, de acordo com a nota da IBNA, Coelho trabalharia pelo desenvolvimento da história da magia negra; segundo eles, um tema que surgiu após a 2ª Guerra Mundial com apoio de sionistas, cristãos e da Igreja Católica.
O mediador do debate Revendo Paulo Coelho, opiniões sobre O Alquimista, declarou: "aqueles que dão as diretrizes para o pensamento e criam pontos de vista e sonhos, governam o mundo".
Reação
Para contornar a proibição, o escritor autorizou seu editor a distribuir os títulos gratuitamente pela internet no formato de e-books (de todo modo, Coelho não recebe direitos autorais pelos livros vendidos no Irã; o país não é signatário da Convenção de Berna, que regula a propriedade intelectual de obras).
Brasília - O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Antonio de Aguiar Patriota, disse ontem que o Itamaraty está mantendo contato com a embaixada brasileira no Irã para apurar a decisão do governo daquele país de proibir a circulação da obra do escritor Paulo Coelho. "Queremos apurar exatamente a natureza da medida tomada", disse Patriota aos correspondentes brasileiros em Buenos Aires. "Faço minhas as palavras da ministra [de Cultura] Ana de Holanda, que diz que é contra a censura e a favor da liberdade de expressão, o que foi mencionado no discurso de posse da presidente Dilma [Rousseff]. E voltaremos ao assunto quando tivermos mais elementos", afirmou.
Os esforços da embaixada brasileira no Irã iniciaram após o escritor Paulo Coelho ter anunciado segunda-feira em seu blog que o governo iraniano teria proibido seus livros no país. O autor de O Alquimista publicou no site um e-mail em que seu editor iraniano, Arash Hejazi, avisa que "o Ministério da Cultura e Orientação Islâmica do Irã baniu todas as suas obras" e que "nenhum livro com o nome de Paulo Coelho terá mais publicação autorizada no Irã". O editor atribui a informação a uma fonte no ministério.
Motivação
Hejazi relaciona a proibição com a perseguição que tem sofrido desde que testemunhou o assassinato de Neda Agha-Soltan em Teerã, em junho de 2009, durante os protestos contra a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinedjad, acusado de fraude pela oposição.
Formado em Medicina, ele estava perto de Neda no momento em que foi baleada, e pode ser visto tentando socorrê-la no vídeo que registrou a morte da ativista. O vídeo ganhou repercussão mundial na época, tornando-se símbolo da repressão no Irã. Depois disso, Hejazi se exilou em Londres, onde vive até hoje. De lá, soube que sua editora, a Caravan Books, foi fechada pelo governo no ano passado. Ele acredita que as manifestações de Coelho a seu favor provocaram a censura.
Os livros de Paulo Coelho são traduzidos no Irã desde 1998 e o autor estima já ter vendido 6 milhões de exemplares no país, que tem uma população de cerca de 70 milhões de pessoas. Coelho esteve no Irã em 2000, naquela que foi a primeira visita de um escritor não muçulmano ao país depois da Revolução Islâmica de 1979.
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