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Cardeal Fernando Filoni

cardeal Fernando Filoni
O cardeal Fernando Filoni fez carreira no serviço diplomático do Vaticano. (Foto: Chema Moya/EFE)

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A Gazeta do Povo publica, com exclusividade no Brasil, o perfil do cardeal Fernando Filoni preparado pelos vaticanistas Diane Montagna e Edward Pentin, autores do projeto The College of Cardinals Report. Jornalistas com décadas de experiência na cobertura do Vaticano, Montagna e Pentin escreveram perfis de todos os cardeais apontados como principais candidatos a suceder Francisco no comando da Igreja Católica, com informações biográficas e suas posições sobre temas em debate dentro da Igreja.

O cardeal Fernando Filoni é um reconhecido diplomata da Santa Sé e atual grão-mestre da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém. Ele serviu como prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, substituto da Secretaria de Estado do Vaticano e núncio apostólico no Iraque durante a guerra de 2003.

Nascido em 15 de abril de 1946, em Manduria (Taranto), Itália, Filoni foi ordenado sacerdote em 3 de julho de 1970, após concluir seus estudos em Filosofia e Direito Canônico, obtendo doutorado em ambas as áreas. Ele também se especializou em jornalismo, obtendo um diploma em ciências e técnicas da opinião pública.

Nos primeiros anos em Roma, atuou como assistente pastoral e lecionou em escolas locais de ensino médio. Em 1981, ingressou no serviço diplomático da Santa Sé, servindo em diversos países, incluindo Sri Lanka, Irã, Brasil e Filipinas. Esteve em Teerã durante o período mais sangrento da guerra Irã-Iraque.

Reservado e discreto, com sensibilidade pastoral e vasta experiência curial e diplomática, o cardeal Fernando Filoni tem sido cada vez mais considerado como um possível candidato ao papado

Seu tempo em Hong Kong, de 1992 a 2001, foi particularmente notável, pois recebeu a missão de acompanhar a situação da Igreja na China em meio a mudanças sociais e religiosas. Ele era conhecido como o elo do papa João Paulo II com os bispos chineses, tanto da Igreja oficial quanto da clandestina, buscando reconciliá-los com a Santa Sé. Durante esse período, ele abriu uma “missão de estudos” na China continental.

Em 2001, foi nomeado núncio apostólico no Iraque e na Jordânia, sendo elevado a arcebispo. Permaneceu em Bagdá durante a guerra de 2003, demonstrando a proximidade da Igreja com a população enquanto a cidade era bombardeada. Três anos depois, sobreviveu a um atentado quando um carro-bomba explodiu ao lado da nunciatura. Em 2006, foi transferido para as Filipinas como núncio apostólico.

A carreira de Filoni no Vaticano avançou rapidamente. Em 2007, foi nomeado substituto da Secretaria de Estado, uma posição influente que fazia dele o principal assessor do papa na administração diária da Santa Sé. Em 2011, o papa Bento XVI o nomeou prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos (Propaganda Fide), um cargo de grande prestígio e responsabilidade, a ponto de, no passado, seu ocupante ser apelidado de “papa vermelho”. Em fevereiro de 2012, Bento XVI o criou cardeal, e em 2018 o papa Francisco o elevou à categoria de cardeal-bispo. Desde 8 de dezembro de 2019, ele atua como grão-mestre da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém.

O cardeal Fernando Filoni ganhou reputação como especialista em assuntos chineses e do Oriente Médio. Sobre a China, descreveu o acordo provisório secreto de 2018 entre o Vaticano e Pequim como tendo “significado histórico”, mas em uma longa entrevista ao L’Osservatore Romano, em 2019, expressou certa apreensão, afirmando compreender “as perplexidades e, às vezes, compartilhá-las”. Poucos meses depois dessa entrevista, e dois anos antes da idade normal de aposentadoria dos cardeais, Filoni, aos 73 anos, foi transferido do cargo de prefeito da Propaganda Fide para o de grão-mestre da Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém.

Filoni tem visão global e experiência internacional, habilidades diplomáticas e administrativas importantes, sensibilidade pastoral e firmeza na doutrina da Igreja

Sobre a guerra entre Israel e o Hamas, iniciada em 7 de outubro de 2023, Filoni propôs uma solução equilibrada que reconhece os direitos de ambas as partes e pede ações concretas para encerrar o conflito, destacando a necessidade de superar a lógica da vingança e buscar uma paz duradoura baseada no respeito mútuo e no reconhecimento dos direitos de ambos os povos. Ele defende firmemente a solução de dois Estados e acredita que não há outra alternativa viável.

Em outras questões, Filoni é conhecido por apoiar o Caminho Neocatecumenal, um grupo controverso que gerou debates por algumas de suas práticas litúrgicas não convencionais. É um fervoroso defensor do Concílio Vaticano II e também um forte apoiador do Sínodo dos Bispos e das conferências episcopais, sobre as quais escreveu um livro recentemente.

Reservado e discreto, com sensibilidade pastoral e vasta experiência curial e diplomática, o cardeal Fernando Filoni tem sido cada vez mais considerado como um possível candidato ao papado. Como destacou o vaticanista John Allen em 2013, Filoni tem visão global e experiência internacional, habilidades diplomáticas e administrativas importantes, sensibilidade pastoral e firmeza na doutrina da Igreja. Caso os cardeais desejem retornar o papado às mãos experientes dos italianos, ele poderia ser uma escolha viável. Por outro lado, Filoni nunca liderou uma diocese, é identificado com a burocracia da “velha guarda” italiana e, apesar de suas muitas qualidades, não foi frequentemente mencionado como papabile no último conclave. Isso, no entanto, pode mudar no próximo.

O que o cardeal Fernando Filoni pensa sobre...

Ordenação de diaconisas: Não se sabe. Não foi possível encontrar nenhuma declaração do cardeal Filoni sobre o assunto.

Bênção para casais do mesmo sexo: Não se sabe. Não foi possível encontrar nenhuma declaração do cardeal Filoni sobre o assunto.

Tornar opcional o celibato para os padres: Não se sabe. Não foi possível encontrar nenhuma declaração do cardeal Filoni sobre o assunto.

Restrições à missa tridentina: Não se sabe. Não foi possível encontrar nenhuma declaração do cardeal Filoni sobre o assunto.

Acordos secretos entre China e Vaticano: É ambíguo. O cardeal Fernando Filoni reconheceu a importância histórica do Acordo Provisório de 2018, considerando-o um passo significativo. No entanto, também expressou compreensão por aqueles que têm dúvidas e perplexidades em relação ao acordo, afirmando que, em algumas ocasiões, ele próprio as compartilhava.

Promover uma “Igreja sinodal”: É ambíguo. Embora o cardeal Fernando Filoni não tenha sido explícito sobre a sinodalidade, ele expressou apoio ao Sínodo dos Bispos, ao desenvolvimento pós-conciliar que permitiu aos leigos terem maior participação na administração da Igreja, e ao trabalho das conferências episcopais na mediação entre o clero e os leigos.

Foco nas mudanças climáticas:  Não se sabe. Não foi possível encontrar nenhuma declaração do cardeal Filoni sobre o assunto.

Reavaliar Humanae vitae: Não se sabe. Não foi possível encontrar nenhuma declaração do cardeal Filoni sobre o assunto.

Comunhão para divorciados “recasados”: Não se sabe. Não foi possível encontrar nenhuma declaração do cardeal Filoni sobre o assunto.

“Caminho sinodal alemão”: Não se sabe. Não foi possível encontrar nenhuma declaração do cardeal Filoni sobre o assunto.

Dados pessoais

Nome: Fernando Filoni
Data de nascimento: 15 de abril de 1946 (78 anos)
Local de nascimento: Manduria (Itália)
Criado cardeal: 18 de fevereiro de 2012, por Bento XVI
Posição atual:  grão-mestre da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém
Lema: Lumen Gentium Christus (“Cristo, luz das nações”)

© 2025 The College of Cardinals Report. Publicado com permissão. Original em inglês: Cardinal Fernando Filoni

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