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Os pergaminhos de Herculano foram carbonizados por uma erupção vulcânica | Salvatore Laporta/Associated Press
Os pergaminhos de Herculano foram carbonizados por uma erupção vulcânica| Foto: Salvatore Laporta/Associated Press

Um grupo de pesquisadores descobriu a chave que pode revelar a única biblioteca da antiguidade clássica a sobreviver, bem como seus documentos, aumentando as chances de recuperação de trabalhos desaparecidos de autores gregos e romanos – como a História de Roma, de Tito Lívio, por exemplo.

Ela fica em uma mansão em Herculano, destruída em 79 d.C. pela erupção do Vesúvio que também soterrou a vizinha Pompeia. A cidadezinha foi engolfada pela mistura de gases e cinzas superquentes que preservaram os documentos na casa que provavelmente pertencia à família de Lúcio Calpúrnio Pisão Cesonino, sogro de Júlio César.

Embora os vapores não tenham queimado os rolos, acabou os transformando em cilindros de material carbonizado. Várias tentativas foram feitas de desenrolá-los desde que foram descobertos, em 1752, mas todas se mostraram altamente destrutivas; por isso, os estudiosos preferiram deixá-los em paz, na esperança de que um método mais eficaz fosse inventado. Mais de 300 pergaminhos sobreviveram na íntegra, além de muitos outros fragmentos.

O líder da equipe, Vito Mocella, do Instituto de Microeletrônica e Microssistemas de Nápoles, na Itália, explica que agora é possível ler o conteúdo dos rolos sem tentar abri-los. Usando o facho de raios-X semelhante ao laser do European Synchrotron de Grenoble, na França, eles puderam diferenciar o levíssimo contraste entre as fibras torradas de papiro e a tinta antiga, feita à base de fuligem, cuja base também é carbono.

Isso permitiu que reconhecessem letras gregas individuais, como registrou o grupo no jornal Nature Communications. "Pelo menos sabemos que há técnicas que finalmente nos permite ler o que há dentro do papiro", comemorou o Dr. Mocella.

"Se a tecnologia puder ser aperfeiçoada, representará um progresso e tanto", informa Richard Janko, estudioso clássico da Universidade de Michigan, que traduziu parte dos pergaminhos que podem ser lidos.

Esse é o segundo avanço pela leitura dos rolos em tempos recentes: em 2009, Brent Seales, da Universidade de Kentucky, conseguiu delinear a estrutura física de um pergaminho de Herculano por tomografia computadorizada a raio-X, semelhante à usada para fins médicos. As camadas do papiro estão praticamente desmanchando, com as bordas irregulares, porque os gases, além de carbonizá-las, liberaram a água das fibras.

O método da equipe de Mocella visualiza as letras aleatoriamente, mas cada uma terá que ter seu lugar determinado na superfície do Dr. Seales antes de poderem formar palavras.

Os acadêmicos estão particularmente interessados no progresso do estudioso por causa da chance de revelar os trabalhos perdidos da literatura latina e grega. Acredita-se que a casa de Pisão contava com uma biblioteca variada. David Sider, da Universidade de Nova York, disse: "Para um estudioso seria maravilhoso ter o manuscrito original de Virgílio porque o que temos são versões que sofreram muitas mudanças nas mãos dos copistas".

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