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Revelação

Putin confessa na tevê que está apaixonado e é correspondido

Agência O Globo

Os pontos nevrálgicos da entrevista anual do presidente Vladimir Putin, concedida ontem, eram a economia russa e a crise ucraniana, que deflagrou uma onda de sanções ao país. Mas a pergunta que atraiu a atenção de muitos russos foi justamente sobre a vida privada do presidente, que confessou no ar: está apaixonado.

Discreto, Putin sempre evitou falar sobre sua vida particular. Em abril de 2013, ele anunciou publicamente o divórcio de sua esposa Liudmila, depois de 30 anos de casamento e meses de rumores. Então, quando a pergunta surgiu, a resposta veio de forma enigmática. O presidente disse que se relacionava bem com a ex-mulher e completou:

"Tudo está bem. Não se preocupe. Um amigo meu da Europa, um grande dirigente, me perguntou no ano passado: ‘Você está amando?’ Respondi: ‘Sim.’ ‘E alguém está amando você?’ Eu disse: ‘Sim.’ ‘Excelente’, ele respondeu. E então tomamos uma bebida", continuou Putin, diante dos sorrisos dos jornalistas.

O presidente, no entanto, não revelou o nome da amada. O tema é tabu na imprensa russa, o que não impede especulações de que a eleita seria a ex-campeã olímpica de ginástica rítmica e diretora de um importante grupo de comunicação ligado ao Kremlin, Alina Kabaeva.

O Moskovski Korrespondent, que rompeu esta regra, em 2008, ao sugerir que Putin havia se divorciado em segredo para casar com Kabaeva, anunciou pouco depois o fechamento. Na oportunidade, Putin desmentiu publicamente os boatos, ao afirmar que "não havia nenhuma palavra de verdade".

Uma pesquisa divulgada ontem mostra que 81% dos russos apoiam o governo de Vladimir Putin mesmo em meio a uma queda aguda da cotação do rublo. A pesquisa, divulgada pela Associated Press-NORC Center for Public Affairs Research, revela que a popularidade do presidente russo continua altíssima apesar do crescimento dos temores de uma recessão econômica no país.

Os números mostram ainda que a confiança da população na economia está diminuindo, particularmente em Moscou, onde as pessoas se acostumaram com produtos importados e viagens ao exterior, itens que se tornaram escassos depois das sanções impostas pelo Ocidente devido à anexação da Crimeia.

A pesquisa foi conduzida entre 22 de novembro e 7 de dezembro, quando o rublo já estava em trajetória de queda. Ela não deve refletir, portanto, o derretimento da moeda ocorrido nesta semana, que deve ter um efeito muito maior sobre os preços e o padrão de vida dos russos.

Para Putin, contudo, a questão é saber se ele conseguirá convencer os russos a apertarem os cintos, e não apenas por meses, mas provavelmente por anos.

"O povo russo sabe que enfrenta sanções", afirmou Maria Lipman, uma analista independente. "Este tipo de mentalidade é disseminada repetidamente pela televisão russa. Em quem mais eles podem se apoiar além de Putin? O presidente é visto como o salvador da pátria, e acredito que, de certa forma, ele se enxerga assim também."

Informação

A forma como os russos veem Putin tem relação ao modo como eles consomem o noticiário, revela a pesquisa. Entre os que afirmam que a tevê é a fonte primária de notícias, 84% apoia o líder, contra 73% dos que utilizam prioritariamente outras fontes.

Putin, que se tornou presidente pela primeira vez em 2000, se beneficiou da alta dos preços do petróleo na década passada, quando os cidadãos experimentaram uma rápida melhora nos padrões de vida. A supressão de vozes políticas contrárias e de veículos de mídia independente foram aceitas por muitos como um compromisso com a estabilidade econômica.

As ações militares na Ucrânia também recebem grande apoio dos russos. Entre os entrevistados, 69% acreditam que algumas partes do país vizinho pertencem à Rússia.

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