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Anatomia incomum da criatura de 11 mil anos descoberta na China | EFE
Anatomia incomum da criatura de 11 mil anos descoberta na China| Foto: EFE

Um estranho grupo de pessoas, com traços arcaicos que parecem ter ficado congelados no tempo, ainda viviam no sudoeste da Chi­­na há apenas 11 mil anos, quando humanos modernos já dominavam toda a Terra.

A anatomia sui generis das criaturas acaba de ser revelada em artigo na revista científica de acesso livre PLoS ONE. O achado é tão inesperado que os autores do estudo, liderados por Darren Cur­­­­noe, da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, ainda não se arriscam a dar uma explicação definitiva sobre quem era esse povo arcaico.

Em parte, a incerteza também se deve aos dados ainda limitados sobre essa população pré-histórica. Por enquanto, Curnoe e seus colegas da Austrália e da China só analisaram poucos restos ósseos – três crânios incompletos e duas mandíbulas. Parte do material já é conhecido há décadas, enquanto o resto foi escavado mais recentemente, de 2008 para cá. Mas ninguém tinha olhado com a devida atenção para a anatomia dos fósseis, nem tentado datá-los.

Essa lacuna de conhecimento é típica de boa parte da pré-história do Extremo Oriente. Sabe-se muito pouco sobre os habitantes desse pedaço da Ásia durante o grande processo de migração que levou os seres humanos modernos, Homo sapiens como nós, da África para o continente asiático.

Esse processo provavelmente começou em torno de 50 mil anos atrás, mas não se sabe quando ele teria se completado. E a Ásia já tinha sido colonizada por membros mais primitivos do gê­­nero humano – o mais célebre é o Ho­­mo erectus – mais de 1 mi­­lhão de anos antes do H. sapiens.

Há pistas, tanto genéticas quan­­to vindas de fósseis, de que o processo não envolveu apenas a substituição dos asiáticos arcaicos pelos humanos modernos, mas também alguma forma de mestiçagem entre os grupos.

Os fósseis recém-analisados apresentam justamente um mo­­saico de características arcaicas e modernas. Em certos pontos, aproximam-se mais do H. erectus; em outros, do H. sapiens. Pode­­riam ser híbridos ou mesmo re­­pre­­sen­­tantes "puros" dos asiáticos antes da migração moderna.

Complexo

Outra possibilidade, propõem os pesquisadores, é que a migração dos ancestrais dos humanos atuais da África para o mundo tenha sido um processo complexo, em "camadas" populacionais. E, dentro dessas camadas, haveria grupos humanos que ainda preservavam traços mais arcaicos, parecidos com o de hominídeos anteriores (há algumas evidências nesse sentido entre os fósseis africanos mais antigos).

Se isso for verdade, os misteriosos fósseis chineses poderiam ser relíquias da primeira migração vinda da África, depois "recoberta" por novos grupos com ca­­racterísticas físicas mais parecidas com as das pessoas de hoje.

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