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Rio - Na sexta-feira de manhã, antes de atender a reportagem, o diretor Internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, pediu uns minutos para receber uma delegação iraniana que chegava à empresa para discutir parcerias comerciais. Antes de um encontro com técnicos da estatal, os executivos da petroleira National Iranian Oil Company passaram na sala de Cerveró para "shake hands", ou, simplesmente, cumprimentar o responsável pela gestão dos negócios da Petrobrás no exterior.

Visitas de comitivas estrangeiras são corriqueiras na sede da estatal, no centro do Rio, mas é cada vez mais comum a presença de executivos de países localizados fora do eixo América do Sul, Golfo do México e oeste da África, escolhido há anos pela companhia como foco de investimentos no exterior. O movimento é resultado de uma estratégia de diversificação das áreas de atuação, em busca de locais menos disputados pelas grandes companhias mundiais do setor.

Novas reservas

A Bacia do Atlântico continua no foco, afirma Cerveró, mas a empresa vem dando mais atenção a regiões com menos tradição na produção de petróleo em alto mar, onde espera encontrar novas reservas com a tecnologia desenvolvida no Brasil. A idéia é fugir dos preços exorbitantes pagos por concessões exploratórias em áreas tradicionais, como Estados Unidos, Nigéria e Angola – onde as empresas já pagam cifras superiores a US$ 1 bilhão apenas para ter o direito de pesquisar o subsolo em busca de petróleo.

"O petróleo tem que se manter em níveis muito elevados para justificar um investimento inicial como esse", diz o executivo, explicando que a disputa é proporcional às chances de descobertas de grandes reservas.

Ele frisa que a Petrobrás continuará participando de leilões nessas áreas, mas quer balancear seu portfólio com regiões onde o custo inicial é menor e o risco, portanto, maior. "Há países em que o bilhete de entrada é menor. É certo que as chances de sucesso são menores, mas o baixo custo compensa o risco", explica.

Ofensiva

A companhia vem, nos últimos meses, anunciando parcerias nesse sentido. A última foi fechada no dia 9, com o Paquistão, para a exploração de um bloco na bacia marítima Indus, até hoje com apenas 11 poços exploratórios perfurados - um terço do que a Petrobrás perfurou, apenas em 2005, em blocos marítimos no Brasil.

Três dias antes, a companhia havia anunciado parceria com a italiana Edison no Senegal, país localizado na costa oeste africana mas sem nenhuma tradição no setor. "Fomos convidados pelos italianos, que estão interessados em nossa tecnologia de águas profundas, e decidimos apostar", conta Cerveró. É o que ocorre em grande parte dos casos, diz o executivo: países ou empresas com pouca experiência em águas profundas recorrem à empresa para tentar encontrar novas jazidas.

"Estamos analisando um pedido da Jamaica, que quer desenvolver o setor de petróleo", exemplifica. A Petrobrás já atuou, sem sucesso, no país caribenho, assim como em Cuba, onde fez parceria com a estatal local para buscar reservas de petróleo e gás.

A lista de fronteiras a serem desbravadas pela Petrobrás a partir de acordos recentes inclui Turquia, Moçambique, Tanzânia e águas pouco exploradas em grandes produtores de petróleo em terra, como o Irã e a Líbia. Excluindo os dois últimos nenhum dos citados figura nas estatísticas sobre produção mundial de petróleo organizada pela petroleira britânica BP – o que significa que os volumes que produzem são insignificantes no cômputo global.

Apostas

Os negócios da estatal em áreas fora da Bacia do Atlântico ainda não têm resultados concretos em termos de descobertas ou perspectivas de produção, pois os primeiros poços só começam a ser perfurados agora. A área internacional da Petrobrás prevê produzir 1 milhão de barris por dia em 2015. Todo esse volume virá, principalmente, de grandes projetos nos Estados Unidos, Nigéria, Angola e Venezuela. Segundo Cerveró, a empresa só terá uma noção dos resultados da aposta em águas inexploradas no fim da década.

Dentro do foco da Bacia do Atlântico, os Estados Unidos estão entre as principais apostas. Este mês, a Petrobrás iniciou a produção no campo de Cottonwood, projeto que deve dobrar de tamanho este ano. Há ainda grandes descobertas em avaliação na costa do País. "É um foco natural. Todo mundo está lá, há boas perspectivas e está próximo do maior mercado mundial."

O Golfo do México, enfrenta o mesmo problema de concorrência verificado em outras grandes regiões produtoras, com a diferença de que os blocos são pequenos,o que os torna mais baratos. Por outro lado, a Petrobrás vem adquirindo uma grande quantidade de concessões para diluir o risco.

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