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Para José Gabrielli, discussões não apresentam grande dificuldade | Philippe Desmazes/AFP
Para José Gabrielli, discussões não apresentam grande dificuldade| Foto: Philippe Desmazes/AFP

Angra dos Reis - O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse ontem que a posição da companhia nas negociações com a Petroecuador é a de não aceitar o contrato de prestação de serviços – nova modalidade de exploração de campos de petróleo e gás imposta pelo governo Rafael Correa.

"Nós estamos dizendo (à Petroecuador) que não podemos aceitar esse contrato de prestação de serviços’’, disse Gabrielli, que participou ontem do batismo da plataforma P-51, em Angra dos Reis (RJ).

O governo equatoriano afirmou ontem que cancelará o contrato de exploração do bloco 18 da Petrobras caso a empresa não chegue a um acordo em menos de 30 dias. As pressões sobre a Petrobras para assinar um acordo que a transforma em prestadora de serviços – exigência estendida a todas as petroleiras – aumentaram depois que não houve acordo até o dia 26 de setembro, prazo fixado pelo governo Correa.

Pelos novos contratos, o governo ficaria com toda a extração, em troca do pagamento dos custos de produção e de uma margem de lucro às companhias de petróleo.

O campo 18 é o único da Petrobras em produção no Equador – 32 mil barrispor dia. A estatal aceitou devolver o bloco 31, que estava ainda em fase de exploração. A companhia brasileira negocia também uma solução para um oleoduto no qual é sócia no norte do país.

Para Gabrielli, existem "diferenças de interpretações’’ sobre o que fazer com o bloco 18. O presidente da Petrobras disse estar "surpreso’’ com as declarações do governo equatoriano, que, segundo ele, são de cunho político.

"Nós estamos negociando com o governo do Equador. Não nos consta que haja na mesa de negociação grandes problemas. Estamos surpresos com as declarações. E não vamos comentar essas declarações, que nos parecem que são mais de caráter interno político do Equador’’, disse.

O governo equatoriano se queixou ainda da demora nas negociações, fato que também causou estranheza ao executivo da Petrobras.

"(As negociações) não têm prazo. Nós estamos negociando as condições de funcionamento das nossas atividades no Equador. Nas nossas relações diretas, na mesa de negociações com os agentes reguladores e com as empresas do governo do Equador, nós não estamos vendo grandes problemas. Portanto, nos surpreendem tais declarações’’, disse.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou ao lado de Gabrielli do batismo da plataforma P-51, admitiu, porém, que, caso não haja acordo, a Petrobras pode deixar o Equador.

"Nós precisamos saber se o Equador tem interesse ou não em ter a Petrobras produzindo petróleo e gás. A Petrobras tem de ver se a ela interessa fazer os investimentos lá pela quantidade de reservas que tem o Equador. Se tiver acordo, ótimo. Se não tiver acordo, a Petrobras vai procurar outro caminho, e o Equador vai procurar outros parceiros. Estou convencido de que, na hora em que entrar na esfera política, os problemas vão ser muito menores’’, afirmou Lula.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, também falou ontem da crise com o Equador. Sobre as ameaças de expulsão da Petrobras, ele que "é importante ter um pouco de paciência". Amorim lembrou que o Equador vive um clima eleitoral. "O país tem processo eleitoral. As pessoas falam. Então deixa pra lá um pouquinho...", disse Amorim em entrevista, após assinar acordo para entrada do Brasil como observador regional no sistema de integração da América Central (Cica, na sigla em espanhol).

O ministro afirmou que não é favorável a se negociar pela mídia. Ele disse que esse tipo de assunto é mais negociado diretamente pela empresa.

O ministro de Minas e Petróleo do Equador, Galo Chiriboga, advertiu na segunda-feira a Petrobras de que revogará seu contrato de exploração do Bloco 18, na Amazônia equatoriana, se a empresa não respeitar as políticas do governo e aceitar "no menor tempo possível" um novo acordo sobre suas operações na região. Assinado em 2001, o contrato termina em 2022.

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