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O ex-ditador chileno Augusto Pinochet reconheceu que foi chefe da polícia secreta durante seu governo, mas voltou a atribuir a seu ex-subalterno Manuel Contreras a responsabilidade pelas operações da repressão.

Pinochet corre o risco de enfrentar um processo judicial por sua participação na Operação Colombo, uma armação da ditadura militar para encobrir o assassinato de 119 dissidentes em 1975.

O ex-dirigente, que completa em breve 90 anos de idade, e Contreras foram submetidos a uma acareação na semana passada e, diante do juiz Victor Montiglio, que investiga o caso Colombo, ele reconhece que comandava a Direção de Inteligência Nacional (Dina), segundo revelou uma transcrição do procedimento.

"Não me lembro bem, mas parece que ele prestava contas a mim pessoalmente e também aos membros da Junta (do governo militar)", disse Pinochet.

Mas, ao ser perguntado sobre sua responsabilidade pela campanha de repressão da Dina, o ex-ditador respondeu, referindo-se a Contreras: "Ele era o responsável de fato pela Dina. Como posso ser o responsável? Eu só poderia ter uma responsabilidade indireta."

A Suprema Corte do Chile suspendeu a imunidade de Pinochet, acusado diretamente pela morte de 16 das vítimas da Operação Colombo.

Em 1975, duas revistas "fantasmas" da Argentina e do Brasil revelaram que guerrilheiros do Movimento de Esquerda Revolucionário (MIR), do Chile, tinham morrido em uma suposta desavença interna. A notícia foi reproduzida pelos meios de comunicação chilenos.

Os advogados que auxiliam a acusação afirmam que tudo não passou de uma armação da Dina.

Atualmente, Contreras cumpre uma pena de 12 anos de prisão pelo crime de seqüestro qualificado.

Até agora, os processos contra Pinochet não avançaram, porque a Justiça aceitou a argumentação dos advogados dele de que o estado de saúde do ex-ditador não permitiria o julgamento dele.

No entanto, avaliações recentes indicaram que houve um exagero a respeito da fragilidade da saúde de Pinochet e que o ex-dirigente estaria em condições de ser julgado.

O militar, que governou o Chile com mão-de-ferro entre 1973 e 1990, e sua família também estão sendo investigados sob a acusação de manterem contas secretas milionárias no exterior.

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