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Papa Pio XII: processo de beatificação foi aberto na década de 60, mas ainda não deu resultados | Wikicommons
Papa Pio XII: processo de beatificação foi aberto na década de 60, mas ainda não deu resultados| Foto: Wikicommons

Roma - O Papa Bento XVI celebrou ontem missa pelos 50 anos da morte de Pio XII (1939–1958) e exprimiu o desejo de que ele seja um dia beatificado, apesar das controvérsias levantadas por sua suposta passividade diante do extermínio de judeus durante a Segunda Guerra.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse que o atual Papa não assinou ainda o decreto que desencadearia a beatificação "porque considera oportuna uma maior reflexão’’.

Em sua homilia, Bento XVI afirmou enfaticamente que seu antecessor "com freqüência atuou de maneira secreta e silenciosa’’ porque, "diante daquele delicado momento histórico, era a melhor maneira de evitar o pior e salvar o maior número possível de judeus’’.

A questão é ainda controvertida, e nem todos os documentos do Vaticano daquele período foram abertos aos historiadores. Há defensores incondicionais de Pio XII, como o jesuíta alemão Peter Gumpel, encarregado da documentação do processo de beatificação. "Afirmar que o Papa foi indiferente (ao extermínio) é um erro imperdoável, porque ele fez todo o possível para evitar (o Holocausto)’’, afirmou.

Mas na última segunda-feira o grão-rabino de Haifa, em Israel, Shear Yshuv Cohen, pediu para que Pio XII "não seja tomado como um modelo e não seja beatificado porque não levantou sua voz contra o genocídio’’.

"O Papa de Hitler"

Em O Papa de Hitler, traduzido há oito anos no Brasil, o historiador britânico John Cornwell sustenta que o Pontífice, por sua omissão, tem responsabilidade indireta no extermínio de judeus.

Mas Bento XVI, em sua homilia, lembrou o depoimento da então ministra do Exterior de Israel e futura chefe-de-governo, Golda Meir, quando da morte do Papa. "Quando o martírio mais espantoso atingiu nosso povo, durante os dez anos do terror nazista, a voz do pontífice se levantou em favor das vítimas.’’

O atual Papa também citou a mensagem radiofônica de Pio XII, no Natal de 1942, em que deplorou a situação de "centenas de milhares de pessoas perseguidas e levadas à morte por motivos religiosos’’.

A Enciclopédia Britânica, no verbete que lhe é dedicado, diz que Pio XII não quis abrir atrito com Adolf Hitler ou Benito Mussolini por meio da publicação de encíclica que condenasse o genocídio. Afirma que o Papa não condenou a invasão da Polônia, em setembro de 1939, que deu origem à guerra.

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