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A polícia ocupou escritórios da empresa DGM, uma das maiores empresas do esquema de "pirâmides financeiras" | Luis Ramirez / AFP
A polícia ocupou escritórios da empresa DGM, uma das maiores empresas do esquema de "pirâmides financeiras"| Foto: Luis Ramirez / AFP

Bogotá - O governo da Colômbia decretou ontem estado de emergência para fazer frente ao colapso de empresas que arrecadam dinheiro ilegalmente por meio das chamadas "pirâmides financeiras". A polícia suspeita que as empresas lavem dinheiro do narcotráfico colombiano.

O anúncio foi feito em Bogotá pelo ministro colombiano de Interior, Fabio Valencia Cossio. O estado de emergência permite ao governo emitir decretos com força de lei sem a necessidade de aprovação do Congresso para lidar com a situação.

"A medida foi tomada em razão da grave alteração social originada pela proliferação de distintas modalidades não autorizadas pela lei de captação ou arrecadação de dinheiro", declarou o ministro em anúncio feito ao lado de homólogos da área econômica.

O estado de emergência, que terá vigor por 30 dias, podendo ser renovado por mais 30, permitiu a emissão de quatro decretos, entre eles, um que aumenta para 20 anos o período de prisão pelo delito de captação ilegal de dinheiro, crime que antes era punido com seis anos de detenção.

Outro decreto permite aos prefeitos e governadores que cumpram funções de polícia e fechem estabelecimentos onde detectem que ocorra captação ilegal de dinheiro.

"Com o arresto de bens e dinheiro das empresas fechadas, a idéia então é devolver, na medida do possível, o dinheiro às pessoas que foram lesadas", disse o ministro.

Ele não informou qual é a estimativa do governo, de quanto dinheiro está nas mãos das empresas clandestinas e nem quantas pessoas foram afetadas no esquema.

A senadora do partido opositor Liberal, Cecilia López, considerou que as ações do governo chegaram tarde, porque "o mal já foi feito".

"Há mais de dois anos que o governo sabia o que estava acontecendo com as pirâmides e só agora decidiu intervir", ela disse.

Arturo Medina, um colombiano de 50 anos, contou que em abril deste ano investiu 3 milhões de pesos na DMG e em outubro deste ano, quando tentou sacar o dinheiro, lhe disseram que poderia retirar 6 milhões de pesos. "Mas eles me explicaram que, se eu deixasse os 6 milhões até abril de 2009, poderia retirar 15 milhões de pesos".

A crise das pirâmides arrebentou no dia 12 de novembro, quando uma das companhias ilegais, chamada Proyecciones DRFE entrou em colapso, após boatos de que seu proprietário, Carlos Alfredo Suárez, fugiu da Colômbia sem pagar aos clientes.

O ministro da Fazenda, Oscar Iván Zuluaga, explicou, na mesma coletiva de imprensa de ontem, que aos afetados pelas pirâmides será devol- vido "o total de dinheiro que eles aportaram no esquema", mas sem o pagamento de juros.

A devolução de dinheiro, segundo ele, será inversa à quantidade investida, ou seja, os que mais investiram terão menor possibilidade de recuperar o capital, afirmou.

Ontem, a polícia colombiana ocupou escritórios em todo o país da empresa DMG, uma das maiores companhias do esquema de pirâmides, informou o general Orlando Páez, diretor de operações da polícia nacional. Segundo ele, foram ocupados e depois fechados 59 escritórios em 20 dos 32 departamentos (estados) da Colômbia, dos quais uma dezena no departamento de Cundinamarca, do qual Bogotá é a capital. Outros 10 foram fechados no departamento de Putumayo.

O dono da empresa, David Múrcia Guzmán, em entrevista à rádio colombiana W a partir da Cidade do Panamá, onde reside, pediu aos milhares de clientes da empresa que mantenham a calma e pediu que façam um protesto pacífico a favor do funcionamento das pirâmides.

"Nós somos uma empresa. Não somos ilegais", disse Murcia, negando que a DMG servisse para lavar dinheiro do narcotráfico, como assinalaram matérias publicadas na imprensa da Colômbia.

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