
Apesar de recentes operações navais dos Estados Unidos e da França terem resultado na morte de sete de seus companheiros, os piratas somalis que atuam no Golfo de Áden conseguiram capturar quatro navios em apenas dois dias, informaram nesta terça-feira (14) o Birô Marítimo Internacional e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
O principal troféu obtido pelos piratas do mar foi o M. V. Irene E. M., um imenso navio de carga operado por uma empresa grega que viajava do Oriente Médio para o sul da Ásia, disse Noel Choong, diretor do Birô Marítimo Internacional em Kuala Lumpur, Malásia.
Os piratas reafirmaram nesta terça-feira que se vingarão das mortes dos colegas nas mãos de uma força de resgate norte-americana e de outra francesa nos últimos dias. Os norte-americanos resgataram no domingo o capitão Richard Phillips, que nesta terça chegou salvo ao Quênia e nesta quarta partirá com os 19 integrantes da tripulação do Maersk Alabama de volta aos EUA. Três piratas foram mortos na ação de resgate conduzida pelos comandos norte-americanos.
"Nossos mais recentes sequestros foram uma demonstração de que ninguém nos deterá em proteger nossas águas contra o inimigo, porque acreditamos em morrer por nossa terra", disse Omar Dahir Idle, um pirata somali baseado na cidade de Harardhere. Ele falou por telefone com a Associated Press.
"A recente operação dos EUA e também o ataque francês contra nossos colegas não significam nada para nós", afirmou o pirata.
O Irene foi atacado e tomado na madrugada desta terça-feira - uma tática raramente empregada pelos piratas somalis que atuam na região.
O tenente Nathan Christensen, porta-voz da 5ª Frota da Marinha dos Estados Unidos, baseada no Bahrein, disse que o Irene tinha bandeira da nação insular caribenha de São Vicente e Granadinas e levava a bordo 23 tripulantes filipinos. Choong disse que havia 21 pessoas a bordo. Ainda não foi possível esclarecer a discrepância.
Horas depois, piratas a bordo de três ou quatro lanchas rápidas sequestraram o navio libanês M. V. Sea Horse na costa da Somália, disse Shona Lowe, uma porta-voz da Otan. Não há mais detalhes disponíveis até o momento.
Enquanto isso, piratas somalis capturaram na segunda-feira duas embarcações pesqueiras egípcias no litoral norte da Somália. De acordo com o Birô Marítimo Internacional, os dois pesqueiros tinham a bordo 36 pescadores, em sua maioria egípcios.
Uma frota de navios de guerra de mais de dez países patrulha há meses o Golfo de Áden e o Oceano Índico na tentativa de coibir a ação dos piratas somalis. Essa frota já impediu diversas ações piratas este ano, mas os comandantes advertem que a região é tão vasta que é impossível impedir todos os ataques. Pelo menos 20 mil navios passam por ano pelo Golfo de Áden, uma das rotas marítimas mais usadas no comércio.
Choong disse que os ataques piratas em 2009 já somam 77, sendo que 18 embarcações foram roubadas e 16 barcos com 285 tripulantes a bordo continuam nas mãos dos piratas. Cada navio sequestrado cria para os piratas a oportunidade de exigir um milionário pagamento de resgate. As informações são da Associated Press.



