
O governo grego elevará mais uma vez os impostos para receber mais ajuda da União Europeia (UE), do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Central Europeu (BCE), o que elevou a tensão social no país e despertou a ira dos sindicatos, que convocaram uma nova greve geral para a próxima semana, quando o Parlamento votará as novas medidas de austeridade.
Em entrevista coletiva durante um recesso das negociações com as três instituições, conhecidas como a "troika internacional" em Atenas, o ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, anunciou ontem os detalhes do projeto de lei com as novas medidas, aprovado na quarta-feira pelo Conselho de Ministros.
Venizelos afirmou que os esforços do governo socialista serão focados em reformar e tornar mais eficaz o sistema tributário, marcado por uma enorme evasão, e assegurou que o Estado não pretende cobrar mais taxas das camadas mais baixas da sociedade.
Em vista do crescente descontentamento dos cidadãos e da oposição pelas medidas de austeridade, Venizelos acrescentou que o Executivo está buscando "fazer o melhor para os cidadãos e para o país".
Detalhes
A aprovação dos novos cortes e medidas de austeridade que pouparão 28 bilhões de euros (cerca de R$ 64 bilhões) aos cofres gregos até 2015 é necessária para que o país receba mais uma parcela do pacote de ajuda da União Europeia e do FMI, no valor de 12 bilhões de euros (cerca de R$ 27 bilhões).
Caso os novos cortes orçamentários sejam rejeitados na próxima semana, a UE ameaça não liberar esta que é a quinta parcela do pacote que tem o valor total de 110 bilhões de euros (cerca de R$ 252 bilhões).
O plano prevê que o Estado reúna recursos mediante a arrecadação adicional de impostos e corte de gastos públicos. Além disso, inclui a privatização de bens do Estado por outros 50 bilhões de euros em quatro anos.
Novo imposto
Quanto a medidas concretas, Venizelos explicou que será criado um imposto extraordinário de solidariedade.
Para isso, será descontado 1% dos salários entre 12 mil euros e 20 mil euros, uma porcentagem que subirá gradualmente até 4% para as rendas superiores a 100 mil euros, enquanto deputados, prefeitos e outros altos funcionários pagarão 5%.
O patamar a partir do qual se começa a pagar impostos será reduzido de 12 mil euros para 8 mil euros anuais, mas aposentados e jovens de até 30 anos ficarão isentos.
Os trabalhadores autônomos, como advogados, eletricistas e encanadores cerca de 550 mil pessoas deverão pagar, além dos impostos normais, uma taxa adicional de 300 euros anuais.


