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Ativistas que caminharam 240 km, de Esparta até Atenas, protestam na capital contra o plano de ajuste do governo | Yiorgos Karahalis/Reuters
Ativistas que caminharam 240 km, de Esparta até Atenas, protestam na capital contra o plano de ajuste do governo| Foto: Yiorgos Karahalis/Reuters

Oposição

Sindicatos convocam nova greve geral

Longe de apoiar o novo programa de ajuste do governo, os sindicatos majoritários da Grécia convocaram para os próximos dias 28 e 29 a quarta greve geral deste ano, mobilização que coincidirá com o decisivo voto parlamentar sobre o novo pacote de austeridade.

"O governo e os credores estrangeiros continuam o ataque contra nossos direitos, apesar dos protestos maciços da sociedade grega", afirmaram ontem em comunicado conjunto os sindicatos do setor privado (GSEE) e público (ADEDY).

Os sindicatos avaliam que as novas medidas "arrasarão" a sociedade e acusam o primeiro-ministro socialista, Georges Papandreou, de "vender a riqueza nacional, as empresas e os ativos".

O governo "insiste em implementar uma política econômica que leva aos trabalhadores à pobreza e que aumenta a recessão e o desemprego", concluíram os sindicatos, que recebem o apoio de grupos de "indignados" organizados via internet.

Milhares de policiais e bombeiros protestaram ontem no centro de Atenas. Carregando apitos e cartazes que condenavam os recentes cortes de gastos, os manifestantes marcharam para o Parlamento cantando: "Parem os cortes! Mudem as políticas".

Os policiais e bombeiros estão entre os grupos afetados pelos cortes do governo e viram seus salários serem reduzidos em até 25%.

O líder da oposição, Antonis Samaras, disse que o único meio de a Grécia pagar suas dívidas é o governo alterar suas atuais políticas fiscais. "Eu tenho dado apoio total ao ajuste fiscal na Grécia. Entretanto, o atual conjunto de políticas implementadas pelo governo socialista pede mais impostos para uma economia em uma depressão sem precedentes", afirmou Samaras.

País pede oficialmente segundo empréstimo

O primeiro-ministro grego, Georges Papandreou, solicitou ontem oficialmente ao Fundo Monetário Intermacional (FMI) e ao Banco Central Europeu (BCE) o segundo plano de ajuda financeira em um ano para tentar evitar a falência de seu país.

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O governo grego elevará mais uma vez os impostos para receber mais ajuda da União Europeia (UE), do Fundo Monetário Inter­nacional (FMI) e do Banco Central Europeu (BCE), o que elevou a tensão social no país e despertou a ira dos sindicatos, que convocaram uma nova greve geral para a próxima semana, quando o Parlamento votará as novas medidas de austeridade.

Em entrevista coletiva durante um recesso das negociações com as três instituições, conhecidas como a "troika internacional" em Ate­nas, o ministro das Finanças, Evan­gelos Venizelos, anunciou ontem os detalhes do projeto de lei com as novas medidas, aprovado na quarta-feira pelo Conselho de Ministros.

Venizelos afirmou que os esforços do governo socialista serão focados em reformar e tornar mais eficaz o sistema tributário, marcado por uma enorme evasão, e assegurou que o Estado não pretende cobrar mais taxas das camadas mais baixas da sociedade.

Em vista do crescente descontentamento dos cidadãos e da oposição pelas medidas de austeridade, Venizelos acrescentou que o Executivo está buscando "fazer o me­lhor para os cidadãos e para o país".

Detalhes

A aprovação dos novos cortes e medidas de austeridade – que pouparão 28 bilhões de euros (cerca de R$ 64 bilhões) aos cofres gregos até 2015 – é necessária para que o país receba mais uma parcela do pacote de ajuda da União Eu­­ropeia e do FMI, no valor de 12 bilhões de euros (cerca de R$ 27 bilhões).

Caso os novos cortes orçamentários sejam rejeitados na próxima semana, a UE ameaça não liberar esta que é a quinta parcela do pacote que tem o valor total de 110 bi­­lhões de euros (cerca de R$ 252 bilhões).

O plano prevê que o Estado reúna recursos mediante a arrecadação adicional de impostos e corte de gastos públicos. Além disso, inclui a privatização de bens do Estado por outros 50 bilhões de euros em quatro anos.

Novo imposto

Quanto a medidas concretas, Venizelos explicou que será criado um imposto extraordinário de solidariedade.

Para isso, será descontado 1% dos salários entre 12 mil euros e 20 mil euros, uma porcentagem que subirá gradualmente até 4% para as rendas superiores a 100 mil eu­­ros, enquanto deputados, prefeitos e outros altos funcionários pa­­garão 5%.

O patamar a partir do qual se começa a pagar impostos será reduzido de 12 mil euros para 8 mil euros anuais, mas aposentados e jovens de até 30 anos ficarão isentos.

Os trabalhadores autônomos, como advogados, eletricistas e encanadores – cerca de 550 mil pessoas – deverão pagar, além dos im­­postos normais, uma taxa adicional de 300 euros anuais.

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