• Carregando...

Curitiba – De acordo com um deputado da base governista de Hugo Chávez, o líder venezuelano está prestes a apresentar um projeto de reforma constitucional que prevê a mudança do conceito de propriedade. Na nova proposta, as propriedades privadas serão aceitas "como exceção" e o latifúndio será combatido. Chávez pretende também ter maior influência sobre o mercado, regulando preços e lucros. Por telefone, o professor do curso de Relações Internacionais da Universidade Nacional de Brasília (UnB), Argemiro Procópio, falou à Gazeta do Povo sobre o assunto.

Gazeta do Povo – Chávez propõe uma reforma constitucional que vai alterar o conceito de propriedade. Ele pode realmente colocar a idéia em prática? Quais as conseqüências disso para seu governo?

Argemiro Procópio – Politicamente, é o melhor momento para fazer uma proposta dessas, porque ele acaba de sair das urnas com grande respaldo popular. Ainda que acalentada por muitos teóricos, a coletivização, sempre que testada, falhou. A China, por exemplo, está indo exatamente no sentido contrário. No Leste Europeu não deu certo; na Rússia também não. Em Cuba, que é uma boa referência, também não está dando certo. Será que a Venezuela terá uma varinha mágica que faça o modelo funcionar?

Mas a população aceitará essas medidas?

O governo do Chávez depende do preço do petróleo e teve, nos últimos tempos, uma conjuntura internacional extremamente positiva. A Venezuela cresceu muito mais que o Brasil, graças ao petróleo. Pela primeira vez, o povo venezuelano foi maciçamente alfabetizado e o sistema de saúde melhorou. A fidelidade por parte da população etá relacionada ao fato de que Chávez usa o dinheiro do petróleo para os programas sociais. Tudo indica que dada a crise iraniana, o preço vai continuar alto. Mas se o preço cair, e os benefícios sociais também, adeus apoio. Outro risco da Venezuela é estender demais as mãos do Estado. Se ficasse só na educação e na saúde, tudo daria certo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]