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Genebra – A polêmica em torno do discurso do Papa Bento XVI em relação ao Islã se transforma em uma crise diplomática e os países muçulmanos pedem que a Organização das Nações Unidas (ONU) realize uma reunião nos próximos dias para tratar do assunto. Ontem, em Genebra, enquanto a ONU pedia que temas como as violações no Sudão ou Iraque fossem tratadas, os integrantes da Organização da Conferência Islâmica fizeram questão de insistir sobre o comportamento do Vaticano e sobre a repercussão que as declarações poderão ter. Em Roma, as autoridades mantiveram o policiamento reforçado adotado já no fim da semana passada.

Há uma semana o Papa citou um texto medieval durante um discurso na Alemanha e isso foi considerado ofensivo ao Islã por grupos muçulmanos. Falando na sessão de abertura do Conselho de Direitos Humanos da ONU em nome dos mais de 50 países muçulmanos, o Paquistão alertou que o discurso do ameaçava "alienar" os muçulmanos do Ocidente e "feria os esforços de promoção de diálogo e harmonia entre religiões".

O alerta e o pedido de uma reunião diplomática sobre o tema foram feitos antes de a União Européia, em Bruxelas, defender a "liberdade de expressão" do Papa.

Silvano Tomasi, representante do Vaticano na ONU, pediu que o discurso fosse lido na íntegra. Ele ainda criticou a rapidez pela qual a polêmica foi gerada no mundo árabe. "Foi surpreendente ver como as manifestações começaram mesmo antes de o discurso ser traduzido em uma língua acessível às pessoas que protestavam", afirmou.

Tomasi apontou que a crise diplomática só estava ocorrendo porque não existe uma separação entre religião e Estado no mundo muçulmano. "Isso tudo é política. Mas o problema é que, nos países muçulmanos, política e religião se misturam", afirmou Tomasi. Ele contou ainda que o Vaticano traduziu o discurso do Papa em árabe e distribuiu ontem a todas as embaixadas por intermédio da ONU.

Nem mesmo a explicação dada no domingo por Bento XVI deixou o Paquistão completamente satisfeito. Masood Khan, embaixador paquistanês na ONU, afirmou que a Conferência Islâmica e o Vaticano estavam em "constante contato" nos últimos dias e garantiu que os muçulmanos tinham considerado como positivo o fato de o Papa ter se distanciado do texto que causou a ofensa. Mesmo assim, Khan classificou o discurso como "lamentável" e ofensivo ao Islã e seu profeta".

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