
A decisão de acolher a Venezuela na cúpula do Mercosul e a de manter o Paraguai fora dela, tomada na reunião do bloco sul-americano na sexta-feira, em Mendoza, deixou várias interrogações e gerou algum desconforto.
Na noite de quinta, o chanceler argentino Héctor Timerman insistiu que o caso do impeachment paraguaio não tinha nada a ver com o pedido venezuelano para ingressar no Mercosul. O fato é que a Venezuela não teria sido aprovada como membro pleno do bloco se o Paraguai não estivesse suspenso e proibido de participar do evento.
O Senado paraguaio é o único dos quatro países da cúpula que não aceitou a entrada do país de Hugo Chávez, argumentando que seu governo não é democrático. Sem a barreira imposta pelo Paraguai, que foi suspenso do blobo, Argentina, Brasil e Uruguai aprovaram a entrada da Venezuela na cúpula.
Cristina Kirchner, falando em nome dos argentinos e abrindo a reunião de chefes de Estado, declarou que os parlamentares paraguaios violaram a democracia ao conduzir um julgamento de apenas 30 horas que terminou com o afastamento de Fernando Lugo.
O então presidente paraguaio pediu duas semanas para montar sua defesa e teve duas horas para fazê-lo. Isso, nas palavras de Cristina, foi o que pôs em dúvida a legalidade do processo conduzido em Assunção. O Mercosul optou então por continuar com a suspensão do Paraguai, iniciada no domingo passado, e estendê-la até abril de 2013, quando o país realiza novas eleições.
Os paraguaios argumentam que o julgamento político de Lugo foi democrático, embora outro evento, além da velocidade do processo, tenha gerado críticas e censuras. No mesmo dia em que Lugo foi destituído, os senadores paraguaios tiveram de aprovar uma lei que regulamentava o processo. Sem ela, não poderia haver afastamento.
Chávez
Receber críticas como antidemocrático não é estranho ao venezuelano Hugo Chávez, maior inimigo dos Estados Unidos no mundo latino-americano e que é dono hoje do lugar que foi do cubano Fidel Castro é assim que o jornal The New York Times se refere ao líder venezuelano. As atitudes de Chávez são encaradas por vezes como autoritárias. Um exemplo simples ocorreu há duas semanas.
A campanha para a Presidência da Venezuela começa neste domingo foi por causa dela que Chávez disse não ter viajado a Mendoza. A disputa se dará entre o presidente, que busca o terceiro mandato, e o candidato da oposição, Henrique Capriles. Questionado se aceitaria participar de um debate com Capriles algo comum em qualquer sistema democrático , Chávez disse que seu adversário era um "nada" e que não havia "nada para se debater".



