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Líderes sul-americanos posam no final da reunião em Mendoza, que decidiu pela entrada da Venezuela no Mercosul | Juan Mabromata/AFP
Líderes sul-americanos posam no final da reunião em Mendoza, que decidiu pela entrada da Venezuela no Mercosul| Foto: Juan Mabromata/AFP

Mídia

Jornalistas têm acesso restrito aos debates

Na reunião da cúpula do Mercosul, a imprensa ficou limitada a uma tenda branca armada ao lado do Hotel Interamericano, cenário dos debates ocorridos durante o evento. Uma dezena de televisores foi instalada no chamado Centro Internacional de Prensa (CIP) para que se pudesse assistir a trechos do que se passava no hotel. As reuniões foram fechadas.

Proibidos de entrarem no hotel, os jornalistas não tiveram acesso aos participantes do evento. As duas únicas entrevistas coletivas, ambas concedidas pelo chanceler argentino Héctor Timerman, duraram cerca de 20 minutos cada uma – pouco para mais de uma centena de jornalistas com perguntas a fazer.

O chanceler Antonio Patriota aceitou conversar com jornalistas brasileiros, mas o fez por sete minutos. Com isso, muitas perguntas ficaram sem resposta e a principal delas talvez seja: quais serão as conse­­quên­­cias dessa aliança firmada com Hugo Chávez?

A decisão de acolher a Ve­­nezuela na cúpula do Mer­­cosul e a de manter o Paraguai fora dela, tomada na reunião do bloco sul-americano na sex­­ta-feira, em Mendoza, dei­­xou­­ várias interrogações e­­ ge­­rou algum desconforto.

Na noite de quinta, o chan­­­­celer argentino Héctor Timerman insistiu que o caso do impeachment paraguaio não tinha nada a ver com o pedido venezuelano para ingressar no Mercosul. O fato é que a Venezuela não teria sido aprovada como membro pleno do bloco se o Paraguai não estivesse suspenso e proibido de participar do evento.

O Senado paraguaio é o único dos quatro países da cúpula que não aceitou a entrada do país de Hugo Chávez, argumentando que seu governo não é democrático. Sem a barreira imposta pelo Paraguai, que foi suspenso do blobo, Argentina, Brasil e Uruguai aprovaram a entrada da Venezuela na cúpula.

Cristina Kirchner, falando em nome dos argentinos e abrindo a reunião de chefes de Estado, declarou que os parlamentares paraguaios violaram a democracia ao conduzir um julgamento de apenas 30 horas que terminou com o afastamento de Fernando Lugo.

O então presidente paraguaio pediu duas semanas para montar sua defesa e teve duas horas para fazê-lo. Isso, nas palavras de Cristina, foi o que pôs em dúvida a legalidade do processo conduzido em Assunção. O Mercosul optou então por continuar com a suspensão do Paraguai, iniciada no domingo passado, e estendê-la até abril de 2013, quando o país realiza novas eleições.

Os paraguaios argumentam que o julgamento político de Lugo foi democrático, embora outro evento, além da velocidade do processo, tenha gerado críticas e censuras. No mesmo dia em que Lugo foi destituído, os senadores paraguaios tiveram de aprovar uma lei que regulamentava o processo. Sem ela, não poderia haver afastamento.

Chávez

Receber críticas como antidemocrático não é estranho ao venezuelano Hugo Chávez, maior inimigo dos Estados Unidos no mundo latino-americano e que é dono hoje do lugar que foi do cubano Fidel Castro – é assim que o jornal The New York Times se refere ao líder venezuelano. As atitudes de Chávez são encaradas por vezes como autoritárias. Um exemplo simples ocorreu há duas semanas.

A campanha para a Presi­­dência da Venezuela começa neste domingo – foi por causa dela que Chávez disse não ter viajado a Mendoza. A disputa se dará entre o presidente, que busca o terceiro mandato, e o candidato da oposição, Henrique Capriles. Questionado se aceitaria participar de um debate com Capriles – algo comum em qualquer sistema democrático –, Chávez disse que seu adversário era um "nada" e que não havia "nada para se debater".

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