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Para Hugo Chávez, uma década gerando polêmicas como presidente foi insuficiente para implantar o seu modelo socialista na Venezuela. Agora, ele tem o caminho aberto para permanecer pelo menos outros dez anos no poder.

É que avassaladora presença do presidente na mídia rendeu frutos no domingo, com a vitória do "sim" em um referendo sobre uma emenda constitucional que elimina os limites à reeleição de ocupantes de cargos majoritários. Sem isso, Chávez deveria deixar o governo em 2013.

A polarização em torno da figura do militar da reserva, que saiu do anonimato em 1992 ao liderar um frustrado golpe de Estado, mantém o país num permanente debate sobre o "socialismo do século 21" que ele prometeu implantar para combater a pobreza e a desigualdade.

Analistas atribuem ao estilo coloquial do presidente, oriundo de uma família humilde do Estado de Barinas, a sólida conexão que ele mantém com os setores mais pobres, que o veem como um caminho de esperança após anos de abandono por parte de governos dos partidos tradicionais social-democrata e democrata-cristão.

Chávez pode passar longas horas fazendo discursos e participando de atos públicos ou eventos televisivos, só para explicar, com ajuda de mapas ou desenhando gráficos, coisas como o lançamento do primeiro satélite venezuelano ou um imprevisto problema digestivo.

Às vezes, convoca cadeias de rádio e TV para transmitir ao vivo atos do governo, gerando entusiasmo dos seus seguidores e duras críticas dos adversários.

Mas uma nova reeleição do multifacetado líder poderia estar ameaçada pelo impacto da crise econômica mundial, que já diminuiu os dividendo petroleiros da nação, e pode levá-lo a tomar medidas impopulares.

A situação poderia golpear a ampla popularidade de Chávez, sustentada nos diversos programas sociais que criou nas áreas de educação, saúde e habitação.

Embora tenha pedido sua aura de invulnerabilidade com a derrota num referendo semelhante em 2007, e a oposição tenha obtido vitórias importantes nas eleições regionais de novembro de 2008, Chávez obtém agora, com a vitória no referendo, um novo impulso para promover a sua revolução.

Desde o início do seu governo, Chávez é o único protagonista da cena política venezuelana, reservando-se sempre a "última palavra" para todos os assuntos que julga relevantes.

Além disso, conta uma vasta rede de meios estatais, que seguem toda e qualquer atividade dele, o que seus adversários veem como uma forma de abuso de poder.

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