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Atualizado em 10/8/2006, às 22h31

A polícia britânica anunciou nesta quinta-feira ter frustrado um plano para explodir aviões em pleno vôo, após ter realizado 24 detenções na região de Londres e em outras duas cidades na Grã-Bretanha. Segundo a polícia, o objetivo do plano era detonar explosivos líquidos em bagagens de mão dentro das aeronaves. As investigações apontam para britânicos de origem paquistanesa.

Especialistas falam no uso de nitroglicerina líquida. A fabricação do explosivo é ensinada em sites da internet.

O plano terrorista se concentrava em aeronaves de empresas americanas que viajavam da Grã-Bretanha para os Estados Unidos, disse o secretário de Segurança Interna americano, Michael Chertoff , para quem a Al-Qaeda pode estar envolvida. As empresas alvejadas seriam Continental, United Airlines e American Airlines. Alguns dos vôos tinham como destino Nova York e Washington, cidades atacadas por terroristas em aviões comerciais em 11 de setembro de 2001, disse uma autoridade do governo dos EUA.

- Essa operação sugere, em alguns de seus pontos, um plano da Al-Qaeda. Mas, como as investigações ainda não terminaram, não há uma conclusão definitiva. Apesar de a operação ter se concentrado na Grã-Bretanha, ela era sofisticada, contou com a participação de várias pessoas e tinha dimensões internacionais - declarou Chertoff.

Semelhante ao 11 de setembro

Um oficial de contraterrorismo americano disse à rede NBC que o total de mortos, se o plano tivesse sido bem-sucedido, seria semelhante ao do 11 de setembro, quando cerca de três mil pessoas morreram em Washington, Nova York e na Pensilvânia.

O terror volta a assustar Londres, que, no ano passado, sofreu um duro atentado contra o seu sistema de transporte público , provocando 52 mortes. Meses depois, um erro da polícia britânica levou à morte do brasileiro Jean Charles de Meneses , confundindo com um terrorista no metrô da capital britânica.

Segundo as forças de segurança britânicas, o plano frustrado nesta quinta-feira consistia em explodir pelo menos dez aviões, de preferência em vôos entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos. Sob alerta vermelho , autoridades americanas proibiram que sejam embarcados produtos em forma líquida ou de gel em aeronaves que deixem o país. A medida de segurança também está sendo adotada na Grã-Bretanha, com exceção aberta a remédios.

O subcomissário da Scotland Yard, Paul Stephenson, disse que a intenção dos terroristas era cometer assassinatos em massa, em um nível incalculável. Com base na capacidade dos aviões, entre 1.500 e 3.000 pessoas poderiam estar a bordo no momento das pretendidas explosões.

- Temos certeza de que conseguimos frustrar um plano dos terroristas para provocar um grande número de mortes e muita destruição - afirmou Stephenson. - Para dizer em termos claros, tratou-se de uma tentativa de assassinato em massa em uma escala nunca antes vista - emendou.

Investigação

Stephenson acrescentou que a investigação continua e a unidade antiterrorista está revistando várias casas. Ele não informou as identidades nem a nacionalidade dos detidos, mas a BBC afirma que todos seriam britânicos.

O aeroporto de Heathrow, em Londres, o principal da Grã-Bretanha, está fechado para decolagens e para o pouso de aviões que ainda não tenham decolado, informou o Serviço Nacional de Tráfego Aéreo.

Segundo a BAA, operadora do aeroporto, os passageiros dos aeroportos de Gatwick e Stansted, próximos a Londres, também registram atrasos em seus vôos. Nos EUA, também há registro de atrasos.

Segurança reforçada

A segurança de todos os aeroportos na Grã-Bretanha foi reforçada e o nível de alerta foi elevado para crítico, o máximo possível.

O médico carioca Ariel Haus, de 32 anos, tinha embarque em Heathrow com destino a Nova York, em vôo da American Airlines, uma das empresas ameaçadas pelo plano terrorista. Da cidade americana, ele faria conexão rumo ao Brasil. Mas, seguindo orientação do governo britânico, ele não foi para o terminal.

- A notícia pegou todos de surpresa. Remarquei minha viagem para sábado, mas a empresa não me deu garantias de que o avião vai decolar - contou Haus, por telefone, ao Globo Online. - Se não conseguir partir de Londres, vou a Paris de trem para tentar embarcar. O problema é que, por causa do problema com a Varig, todos os vôos já estão lotados.

Segundo o médico, Londres vive nesta quinta-feira um "pânico controlado", acreditando que a polícia está muito mais atenta a ameaças terroristas após os ataques de julho do ano passado.

- Naquela época havia uma sensação terrível de medo e angústia. Depois do 7 de Julho, a polícia ficou mais atenta e passou a atuar de forma preventiva, como ocorreu hoje. Isso deixa a população mais segura, embora haja tensão no ar - contou o brasileiro, que estava na capital inglesa no dia dos ataques contra o sistema de transporte público da cidade.

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