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A polícia de choque de Zimbábue usou bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar manifestantes que atiravam pedras em um turbulento distrito da cidade de Harare neste domingo (18), depois de evitar que o maior partido de oposição fizesse um comício.

O Movimento por Mudança Democrática disse que a polícia prendeu mais de 120 membros do partido na ação para impedir o comício, que alguns membros do governo afirmam que marcaria o início de um desafio à sua autoridade, com apoio de estrangeiros, em meio a uma crescente crise econômica.

A polícia isolou o centro esportivo onde seria realizado o evento e prendeu dezenas de pessoas, disseram testemunhas, desafiando a ordem de uma corte autorizando o comício.

A Justiça determinou no sábado que o governo deveria permitir que o MDC fizesse o comício, rejeitando o argumento da polícia de que precisaria de muito mais tempo para reunir recursos humanos para monitorar o evento. A mídia estatal sugeriu que o presidente Robert Mugabe está preocupado com a possibilidade de o movimento usar o evento para lançar uma onda de protestos contra o governo.

A tensão política vem crescendo, com índice de desemprego em 80%, quase 1.600% de inflação, pobreza e falta de alimentos. Muitos médicos, professores e conferencistas de universidades estão em greve pedindo reajuste salarial.

Mugabe, que governa o Zimbábue desde que o país tornou-se independente do Reino Unido, em 1980, rejeita a culpa pela crise, dizendo que oponentes domésticos e do Ocidente estão sabotando a economia para tentar derrubá-lo.

Neste domingo, jornalistas viram a polícia de choque, com alguns homens armados com bastões de borracha, armas e lançadores de bombas de gás, outros em caminhões blindados, dirigindo-se para o local da manifestação e prendendo dezenas de pessoas que se reuniam para o evento.

Bastões

A violência explodiu quando pequenos grupos de membros do Movimento por Mudança Democrática tentaram entrar no local, que estava fechado pela polícia, e alguns jovens jogaram pedras contra os policiais e foram atingidos depois por bastões. A polícia montou bloqueios na região de Highfield, revistando carros e interrogando motoristas.

O jornal "Sunday Mail", controlado pelo governo, disse que o comício do movimento seria parte de uma medida patrocinada pelo Reino Unido para "inflamar o lobby de mudança de regime" e complicar a situação de Mugabe, que completa nesta semana 83 anos de idade, que serão comemorados com uma grande festa no sábado.

O porta-voz do Movimento por Mudança Democrática, Nelson Chamisa, disse que o partido não cancelou o comício de maneira oficial, mas aceitou que não poderia ser realizado devido à ação policial.

Ele disse que o líder do partido, Morgan Tsvangirai, viajou para a região do evento e tentou, em vão, convencer a polícia a permitir o comício. "Não cancelamos. Foi cancelado pela polícia, em desafio à ordem da Justiça", disse. Tsvangirai conversou com um grupo de simpatizantes do movimento durante sua breve viagem a Highfield. "O presidente disse apenas que a luta continua", afirmou Chamisa.

O porta-voz da polícia, Wayne Bvudzijena, não estava disponível para comentar. Mas a rádio estatal disse que a polícia "evitou o comício por motivos políticos" e que os detalhes sobre as pessoas presas e sobre a propriedade destruída estão sendo analisados.

O secretário nacional de organização do Movimento por Mudança Democrática, Elias Mudzuri, disse que cerca de 200 jovens encarregados da segurança no evento foram atacados, afastados ou presos pela polícia.

O movimento afirmou que planejava usar o comício para lançar sua campanha para a eleição presidencial. A eleição está marcada para março de 2008, mas o partido ZANU-PF, que está no poder, quer adiar até 2010, para realizá-la junto com a votação para o parlamento.

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