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Além de encarnar a esperança de milhões de norte-americanos que não querem perder o emprego, Barack Obama também é alvo de expectativa além das fronteiras dos Estados Unidos.

Durante as três semanas de conflito na Faixa de Gaza, George W. Bush manteve-se praticamente silencioso. Cabe a Obama se pronunciar a partir desta terça-feira, quando toma posse.

"A situação em Gaza torna urgente lidar com a região, criar uma nova e ampla política para o Oriente Médio", diz o professor de História e Políticas Sociais da Universidade de Harvard, Alexander Keyssar. Por política ampla ele entende não só influenciar a questão palestina e israelense, mas também dissuadir o Irã do apoio ao Hezbollah e ao Hamas.

O conflito de Gaza, em princípio, não complica o cronograma de retirada das tropas do Iraque – promessa de campanha de Obama. Por outro lado, a guerra israelo-palestina revela que existem alianças complexas na região. "Seria do interesse de todos ter um acordo durável", diz Keyssar. Isso significa o fim de ações bélicas pontuais e arbitrárias, segundo ele.

Mas o mundo espera mudança também na forma de fazer política externa dos EUA. "Espera-se uma mudança de estilo", diz a professora de Relações Internacionais da Unesp, Cristina Pecequilo. "Que abram mão da postura unilateral e agressiva."

"A principal mudança que poderemos ver é que Obama é multilateralista", diz Keyssar, que espera que os EUA trabalhem com a Europa na gestão de Obama.

Por essa razão, a América Latina deve voltar ao noticiário da geopolítica com temas que não o tráfico de drogas e a expulsão de embaixadores norte-americanos.

Oriente Médio

Os problemas mais urgentes do novo governo continuarão concentrados no Oriente Médio e no Sul da África, mas Obama já disse ser um erro ignorar as questões envolvendo a América Latina e a Ásia. Para Marcos Vinícius De Freitas, professor de Direito e Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), quatro países latinos devem se manter no radar da política externa norte-americana. A Colômbia, por causa da questão do tráfico de drogas, e o México, em razão da imigração. A Venezuela também continua a ter importância por ser um grande fornecedor de petróleo para os EUA e por ter Hugo Chávez na Presidência – os dois países têm relação bilateral tumultuada. "E o Brasil em razão do acesso à riqueza petrolífera encontrada na camada pré-sal", afirma Freitas.

A futura secretária de Estado Hillary Clinton deixou claro que o país usará mais "smart power" (poder inteligente) do que a força. O inventor do termo, o teórico em relações internacionais de Harvard Joseph Nye, explica que se trata do equilíbrio entre o poder brando ("soft power"), que representa ênfase maior na diplomacia, e o poder duro ("hard power"), que inclui coerção militar ou econômica.

Toda essa boa vontade pode, porém, ser desacelerada pela crise econômica. "Agora, creio que tudo será colocado em compasso de espera. Até mesmo a situação de Gaza está sendo tratada com menos atenção do que deveria", disse ao jornal Valor Econômico o advogado especializado em direitos humanos Christopher Nugent.

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