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Importantes políticos conservadores franceses disseram nesta quarta-feira que a poligamia pode ser um dos fatores por trás da onda de distúrbios urbanos, que começou na periferia de Paris e se alastrou por outros pontos do país. As declarações prometem gerar polêmica e aumentar o clima de confronto no país.

Bernard Accoyer, líder da governista União para a Maioria Popular (UMP) na Câmara dos Deputados da Assembléia Nacional, disse a uma rádio francesa que muitos dos jovens envolvidos nos episódios de violência vinha de famílias polígamas com problemas de integração na sociedade francesa.

- Claramente, há um problema com a integração dos imigrantes e, mais importante, com o dos filhos delest - disse Accoyer.

- Para que possamos integrá-los, (eles) não podem superar nossa capacidade de integração. Essa é a questão. É como a poligamia (...) É certamente uma das causas (dos distúrbios), mas não é a única - acrescentou.

Já o jornal britânico "Financial Times" citou o ministro do Trabalho francês, Gerard Larcher, que disse que grandes famílias polígamas, às vezes, fazem com que jovens que carecem de uma figura paterna acabem demonstrando um comportamento antisocial. E isso faz com que empregadores relutem em contratar esses jovens.

Segundo o jornal, espera-se que Larcher desempenhe um papel fundamental nos esforços do governo para levar a cabo suas promessas de ajudar as minorias étnicas a encontrar emprego.

"Visto que parte da sociedade apresenta este comportamento antisocial, não é surpresa que alguns deles tenham dificuldades para encontrar trabalho", disse Larcher ao jornal.

"Ambas as partes devem fazer esforços. Se a pessoa não está apta para ser empregada, não pode ser contratada".

Larcher mencionou o caso, que conhecia pessoalmente, de um jovem preso pela polícia que vinha de uma família polígama.

Organizações islâmicas não se manifestaram ainda sobre a declaração, mas entidades de combate ao racismo condenaram as palavras de Accoyer, dizendo que elas eram racistas e que poderiam isolar ainda mais as minorias étnicas.

Os distúrbios começaram no dia 27 de outubro, depois da morte acidental de dois adolescentes que aparentemente fugiam da polícia, e logo se transformaram em um grande protesto de jovens contra o racismo, o desemprego e a marginalização. Os protestos violentos foram feitos, principalmente, por cidadãos negros e de origem árabe.

A Liga de Direitos Humanos criticou os comentários, afirmando que as palavras do político podem "reforçar a xenofobia e o racismo".

O Movimento contra o Racismo e pela Amizade entre os Povos (Mrap) disse: "Ao apontar o dedo para um grupo específico, e um grupo que é uma minoria bastante pequena da população, (os políticos) estão excluindo e rejeitando as pessoas e correndo o risco de tornar a situação ainda pior."

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