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Soldados poloneses participam de treinamento para atiradores de elite em cooperação com instrutores de Illinois da Guarda Nacional dos Estados Unidos em Torun, na Polônia, em maio de 2023
Soldados poloneses participam de treinamento para atiradores de elite em cooperação com instrutores de Illinois da Guarda Nacional dos Estados Unidos em Torun, na Polônia, em maio de 2023| Foto: EFE/EPA/TYTUS ZMIJEWSKI

O recém-publicado balanço de gastos militares de 2023 do think tank Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês) trouxe um dado surpreendente: a Polônia, vizinha de dois países em guerra, a Ucrânia e a Rússia, quase dobrou suas despesas com defesa no ano passado.

Segundo o estudo, os gastos de Varsóvia no setor, que foram de US$ 13 bilhões em 2022, subiram para US$ 23,5 bilhões no ano seguinte.

Num momento em que os países da OTAN discutem a meta de gastar ao menos 2% do PIB em defesa, a Polônia chegou em 2023 a despesas na área que equivalem a 3,9% do total de riquezas produzidas no país. Foi o patamar mais elevado da aliança militar do Ocidente, pouco acima do segundo colocado, os Estados Unidos (3,49%).

A preocupação da Polônia não é infundada. Na entrevista ao jornalista americano Tucker Carlson este mês, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, negou ter intenção de invadir outros países da região, como Polônia e Letônia.

Entretanto, nas semanas anteriores à invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, o Kremlin também vinha negando que a concentração de tropas na fronteira tinha o objetivo de iniciar uma ofensiva militar contra a ex-república soviética.

A Ucrânia responde por parte do aumento do investimento polonês em defesa, já que muitos gastos de Varsóvia nesse setor nos últimos dois anos foram para repor equipamentos, armas e munição enviados para ajudar Kiev na guerra contra os russos.

Em setembro do ano passado, o partido Lei e Justiça anunciou o corte da ajuda militar à Ucrânia, alegando que pretendia concentrar investimentos em autodefesa.

Desde então, a oposição chegou ao poder, e o governo do novo premiê Donald Tusk afirmou que pretende aumentar a produção de munições e equipamentos para continuar ajudando Kiev.

Ainda assim, o gabinete do primeiro-ministro e a presidência da Polônia, ainda ocupada por Andrzej Duda, do Lei e Justiça, concordam que o país que tanto sofreu nas mãos dos russos no século XX precisa investir mais em autodefesa para se precaver contra a ameaça de Moscou.

Em entrevista no início do mês ao jornal Wieczorny Express, o ministro da Defesa, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, admitiu a possibilidade de um ataque russo a países da OTAN após uma eventual vitória de Putin sobre a Ucrânia.

“Considero todos os cenários e levo o pior deles muito a sério”, disse Kosiniak-Kamysz.

“A situação no mundo é muito grave. Não é só a Ucrânia. É também o Mar Vermelho e o oceano Pacífico. Precisamos estar preparados para qualquer cenário, por isso, estamos fazendo uma auditoria, tirando conclusões, preenchendo lacunas, por exemplo, em termos de armas”, afirmou o ministro.

Na última quarta-feira (14), Duda se reuniu com Jim Taiclet, CEO da empresa americana Lockheed Martin, gigante da indústria bélica, e o presidente polonês enfatizou “a importância de manter a continuidade dos investimentos na modernização do exército”, segundo comunicado do Departamento de Segurança Nacional.

Segundo a Associated Press, a Polônia está investindo dezenas de bilhões de dólares na compra de armas e equipamentos militares da Coreia do Sul e dos Estados Unidos, incluindo sistemas Himars, tanques Abrams e caças F-35. Com um vizinho como Putin, quem não o faria?

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