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Robert Groves, diretor do Escritório de Censo, explicou que ainda não foi detalhada a contribuição dos imigrantes no novo censo | Win McNamee/Getty Images/AFP
Robert Groves, diretor do Escritório de Censo, explicou que ainda não foi detalhada a contribuição dos imigrantes no novo censo| Foto: Win McNamee/Getty Images/AFP

Política

Composição da Câmara dos Deputados terá mudanças

Ao anunciar ontem o aumento de 9,7% na população dos Estados Unidos, o Escritório de Censo deu um sinal de escalada do conservadorismo no país. Estados tradicionalmente republicanos do sul e do sudoeste do país ganharão mais 12 cadeiras na Câmara dos Deputados, em função do aumento populacional. Celeiros de votos para os democratas, os estados do leste e do nordeste perderão postos.

O primeiro reflexo dessas mudanças será observado nas eleições de 2012, quando os norte-americanos decidiram a reeleição de seu presidente, Barack Obama, e a nova composição do Congresso.

No início de 2011, os deputados federais terão de negociar a nova partilha de cadeiras referentes a 14 estados. Há dez anos, os resultados do censo provocaram uma verdadeira guerra dentro da Câmara dos Representantes. O Texas, com um aumento de 20,6% na sua população, ganhará mais quatro assentos e passará a contar com 40 deputados a partir das eleições de 2012. Esse é um dos raros estados a manter um nível de atividade econômica acima da modesta média nacional.

A Flórida, agora com população 17,6% maior do que em 2000, terá mais duas cadeiras na Câmara. Arizona, Georgia, Nevada, Carolina do Sul, Utah e Washington ganharão uma cadeira cada. Nas eleições legislativas de novembro passado, candidatos republicanos venceram a disputa pelos governos de todos esses Estados.

O berço político de Obama, Illinois, perderá uma cadeira na Câmara por conta da queda de 3,3% em sua população. Nova York e Ohio passarão a ter duas cadeiras menos. Iowa, Louisiana, Massachusetts, Michigan, Missouri, New Jersey e Pensilvânia perderão uma cadeira cada. Nas eleições de 2008, Obama venceu em oito desses nove estados. Este ano, os democratas ganharam as eleições estaduais em três deles e, devido especialmente à onda conservadora iniciada no país, perderam para os republicanos em outros quatro. Não houve eleição em três desses estados

  • Veja a expansão demográfica nos EUA por décadas

Washington - O censo dos EUA re­­velou ontem que a população do país alcançou 308.745.538 habitantes até 1.º de abril deste ano, o que significa um crescimento de 9,7% – o me­­nor desde 1940, quando a po­­pulação cresceu 7,3% e atingiu 132.164.569. O censo anterior, realizado em 2000, indicava uma população de 281.421.906.

O diretor do censo, Robert Gro­­ves, disse em entrevista a jornalistas que cerca de 60% deste crescimento foi "natural", resultado do saldo de nascimentos sobre mortes, e outros 40% resultaram da imigração.

Questionado sobre os imigrantes ilegais, Groves afirmou que eles foram somados. "Em todo censo realizado desde 1970, nós contamos todas as pessoas que vivem no país. Nós contamos moradores, sejam eles cidadãos ou não".

Estados

O estado que mais cresceu foi Nevada, cuja população saltou de 1.201.833 para 1.998.257, um crescimento de 66,3%. Já o estado com menor crescimento populacional foi o Distrito de Columbia, cuja população caiu de 606.900 para 572.059, queda de 5,7%.

O censo deste ano coloca os EUA no caminho dos países de­­senvolvidos na Europa e Ásia, on­­de o crescimento populacional é cada vez menor e chega a beirar números negativos.

A taxa recorde de 7,3% de crescimento foi atribuída à Grande Depressão de 1929 que contaminou toda a década seguinte em um cenário de altas taxas de de­­semprego, quedas drásticas do produto interno bruto, bem co­­mo redução na produção industrial, preços de ações, e em praticamente todo medidor de atividade econômica. Como o cen­­so é realizado a cada dez anos, o re­­sultado deste cenário negativo ficou refletido no censo de 1940.

Os números do censo serão usados para definir que comunidades, escolas, hospitais e estradas precisam de recursos financeiros federais.

O Congresso Ame­­ricano usa os números totais para definir quantos assentos determinado estado deve possuir na Câmara dos Deputados. Além disso, estados usam os números para distribuir assentos nas assembleias le­­gislativas.

Hispânicos saem de redutos no sudoeste e se espalham

Resultados preliminares do censo já indicavam que os hispânicos nos Estados Unidos estão saindo de seus redutos tradicionais no sudoeste e passando a morar em estados onde nunca houve uma presença muito forte de latinos, de acordo com dados preliminares do censo norte-americano deste ano.

"Durante muito tempo os latinos foram um fato da vida no sudoeste americano, e só’’, disse John Weeks, professor de geografia e diretor do Centro Internacional de População da Universidade Estadual de San Diego. "Ao longo dos últimos 20 anos, porém, houve um crescimento de migrantes em locais como Charlotte [Carolina do Norte], originalmente levados para trabalhar na construção civil."

Os latinos lideram a transformação dos EUA, onde as minorias étnicas e raciais devem se tornar maioria até o meio do século, de acordo com projeções do órgão responsável pelo censo norte-americano.

Há mais de 45 milhões de hispânicos nos EUA, o dobro do número de 20 anos atrás, de acordo com o American Community Survey, divulgado este mês, antes dos dados do Censo Decenal de 2010, lançados na terça-feira. A pesquisa baseou-se em estimativas de cinco anos, de 2005 a 2009.

Há muito tempo presentes nos Estados da fronteira com o México, como o Arizona, os latinos cada vez mais se mudam para o interior dos EUA para trabalhar em Estados como Geórgia e Carolina do Norte, onde o número proporcional de hispânicos cresceu cerca de 50% desde 2000.

O Bureau do Censo projeta que a população hispânica norte-americana praticamente triplicará para mais de 130 milhões de habitantes até 2050, quando quase um em três residentes norte-americanos serão latinos.

O crescimento rápido em parte é resultado da imigração econômica maior proveniente do México e da América Latina, que ajudou a aumentar a população hispânica nascida fora dos EUA para 37 milhões, dos 31 milhões de uma década atrás. Mas o número também indica uma taxa de natalidade relativamente alta entre os hispânicos, que tendem a ser pais mais jovens e a ter famílias maiores.

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