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O populismo na América Latina é um assunto "seriamente preocupante", assinalou hoje o Instituto de Finanças Internacionais (IIF), a maior associação de banqueiros do mundo, com sede em Washington, que advertiu que esse fenômeno desestimula o crescimento econômico.

Nesse sentido, o diretor-gerente do IIF, Charles Dallara, assinalou hoje, em entrevista coletiva, que países como o Equador e a Bolívia enviam "sinais contraditórios", que inibem os investimentos, tanto internos como internacionais, e criam um ambiente pouco propício à geração de postos de trabalho e ao aumento da produtividade.

Segundo Dallara, a incapacidade dos países de desenvolver reformas estruturais-chave no mercado de trabalho e no setor fiscal é um dos motivos da aparição de Governos populistas na região.

"Essa foi, em nossa opinião, uma das sementes da crescente insatisfação com os resultados das políticas econômicas dos últimos 20 anos, o que gerou agora este grau de populismo na América Latina", afirmou Dallara.

Ele acrescentou que, a menos que se abordem as reformas propostas, a América Latina e outros mercados emergentes continuarão crescendo abaixo de seu potencial.

Dallara descartou a possibilidade de uma crise iminente na região, mas chamou atenção para o crescente uso de derivativos e outros "instrumentos financeiros complexos", que poderiam ter um impacto imprevisível caso a situação macroeconômica se deteriore gravemente.

Ele insistiu ainda na necessidade de reformas estruturais que não envolvam somente Equador e Bolívia.

"Trata-se de um problema (que afeta) inclusive algumas das economias mais robustas da região, como o México e o Brasil, onde existe uma liderança política forte, mas que carece de vontade, ou é incapaz, de abordar esses problemas", assinalou o diretor.

No entanto, Dallara comemorou os sinais que apontam para uma possível reforma tributária, e, "inclusive", trabalhista no Brasil.

O IIF, que representa mais de 375 empresas financeiras de todo o mundo, pediu hoje ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que reforce o diálogo com o setor financeiro privado, para assegurar a estabilidade global.

Segundo o instituto, o diálogo é necessário para gerar confiança em alguns mercados internacionais incapazes de medir o alcance do crescente uso de mecanismos financeiros de alto risco.

O IIF lembrou, em carta aberta dirigida a Gordon Brown, ministro de Finanças britânico e atual presidente do Comitê Monetário e Financeiro Internacional - o principal órgão assessor do FMI -, que a reunião do Fundo, do Banco Mundial e do G-7, que será realizada na próxima semana, em Washington, coincide com um momento de fortalecimento na economia mundial.

A organização prevê que o crescimento econômico mundial alcançará 5% este ano.

Apesar das previsões favoráveis, o instituto alertou para a "crescente vulnerabilidade", diante das incertezas geopolíticas e dos desequilíbrios globais.

As dúvidas ficaram patentes na recente onda de volatilidade dos mercados mundiais, que a associação de banqueiros atribui em parte à inquietação sobre o futuro da economia americana, pelos problemas registrados no setor de hipotecas de risco.

"Esses eventos também poderiam indicar perspectivas de um retorno da aversão ao risco, sobretudo à medida que os elevados níveis de liquidez internacional diminuem", assinala a carta dirigida a Brown.

O IIF acredita que o FMI poderia coordenar uma resposta aos desequilíbrios mundiais, que daria conta do elevado superávit comercial chinês e o alto endividamento americano.

O FMI deve elaborar um conjunto de recomendações que sirva como guia aos países, para redigir e implementar políticas que reduzam os desequilíbrios, afirmou Dallara.

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