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Míssil balístico intercontinental nuclear desativado Titan II em silo do Titan Missile Museum no Arizona, EUA
Míssil balístico intercontinental nuclear desativado Titan II em silo do Titan Missile Museum no Arizona, EUA| Foto: Titan Missile Museum

O Departamento de Estado dos Estados Unidos tirou a confidencialidade sobre o número total de ogivas nucleares no arsenal do país na terça-feira, pela primeira vez desde 2017.

De acordo com o anúncio, os EUA têm 3.750 armas nucleares no total - uma redução de 72 em relação a 2017.

Para ser claro, os EUA não implantam todas as 3.750 ogivas em seus sistemas de lançamento a partir do ar, mar e terra. O acordo com a Rússia de controle de armas New Start limita em 2.000 o número de ogivas nucleares estratégicas implantadas pelos EUA. O restante das 3.750 inclui ogivas de reserva e algumas centenas de ogivas não estratégicas (aquelas que não são restritas pelo New Start).

Depois desse número ter sido mantido confidencial nos últimos anos, muitos estão se perguntando: por que liberar esse número agora? Por que torná-lo público?

Os adversários dos EUA não compartilham esse tipo de informação com o país. Embora a Rússia relate seu número de ogivas implantadas, limitado pelo New Start, ela não fornece informações sobre seu arsenal de ogivas não estratégicas.

A Rússia mantém cerca de 2.000 dessas ogivas não estratégicas como parte de seu arsenal total de quase 5.000 ogivas, de acordo com estimativas de fontes abertas. Mas, conforme explicado pelo tenente-general Robert Ashley, ex-diretor da Agência de Inteligência de Defesa americana, o arsenal da Rússia "provavelmente crescerá significativamente ao longo da década", já que a Rússia mantém ativas suas instalações de produção de armas nucleares.

A China é ainda menos transparente sobre seu arsenal nuclear, já que se recusa a se envolver em qualquer diálogo nuclear ou compartilhamento de informações com os EUA. Estimativas recentes do governo americano apontam que o arsenal da China possui 200 ogivas nucleares, mas esse número deve crescer exponencialmente na próxima década.

Descobertas recentes de novos locais de construção de silos de mísseis indicam que a China está construindo até 360 novos silos equipados com mísseis de longo alcance que os analistas acreditam poder carregar de três a cinco ogivas cada (alguns analistas chegam a afirmar que os mísseis podem carregar até 10 ogivas). Se levados ao máximo, esses números podem exceder o arsenal de mísseis de longo alcance dos Estados Unidos. Isso nem inclui ogivas implantadas em outras plataformas de lançamento chinesas.

De acordo com o anúncio do Departamento de Estado, a divulgação dos números do arsenal dos EUA promove a transparência, que é "importante para os esforços de não proliferação e desarmamento". Tornar os dados públicos pode ser um esforço de boa fé para mostrar à Rússia e à China que estamos liderando o caminho para o desarmamento global.

Mas isso realmente convenceria a Rússia e a China a reverter o curso e concordar com limites para o desenvolvimento de suas armas nucleares? Fazer a “coisa certa” significa que os adversários dos EUA farão o mesmo? Improvável.

Isso é especialmente verdadeiro quando a Rússia e a China sabem que os EUA não têm capacidade atual para produzir novas armas nucleares. Enquanto os EUA estão trabalhando para reconstruir sua infraestrutura de produção nuclear, atrofiada desde o fim da Guerra Fria, o país é atualmente o único Estado com armas nucleares no mundo - incluindo a Coreia do Norte - que não pode construir uma arma nuclear.

Os adversários dos EUA já sabem que a única direção que o tamanho de nosso arsenal nuclear pode seguir é para baixo.

Até que isso mude, por que eles teriam qualquer incentivo para pisar no freio em suas próprias linhas de produção?

No fim das contas, tirara a confidencialidade sobre os números do arsenal dos EUA provavelmente não causa muito dano. Na melhor das hipóteses, era desnecessário.

Mas isso traz questões sobre os objetivos do governo do presidente Joe Biden. Enquanto Rússia e China aumentam suas forças nucleares - e a ameaça de uso da força nuclear aumenta - a prioridade número um dos EUA deve ser garantir uma postura forte de dissuasão nuclear.

De fato, os últimos cinco secretários de Defesa - incluindo o atual, secretário Lloyd Austin - afirmaram que a dissuasão nuclear é a missão número um para a segurança nacional.

A sinalização de virtudes sobre transparência e metas de desarmamento não será a maneira de evitar uma guerra nuclear. Especialmente enquanto sua Revisão da Postura Nuclear está em andamento, a administração Biden deve permanecer atenta às ameaças que os EUA enfrentam e se concentrar em garantir que os EUA mantenham um sistema de dissuasão nuclear forte e confiável.

© 2021 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês

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