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A Alemanha e a França, forças dominantes na União Europeia, tentaram nesta quinta-feira convencer o restante dos países que o principal tratado do bloco precisa ser modificado para ajudar a evitar futuras crises financeiras.

O plano franco-germânico, que pretende aperfeiçoar o Tratado de Lisboa para criar um sistema permanente que lide com déficits como o enfrentado pela Grécia, pode causar intensos debates em um encontro de dois dias em Bruxelas, mas há sinais de que a proposta está ganhando apoio.

Do acordo devem sair uma nova série de regras orçamentárias para a UE, incluindo sanções mais rígidas para nações que não conseguirem manter seus níveis de déficits e dívidas controlados.

Mas a discussão estará focada na mudança do tratado, sobre o qual muitos países da UE estão em alerta devido à possibilidade de danos políticos em modificar um plano que demorou oito anos para ser negociado e se tornou lei há apenas dez meses.

Em um sinal de que o apoio às reformas está crescendo, a primeira-ministra finlandesa, Mari Kiviniemi, emitiu um comunicado dizendo ser favorável à mudança. A Finlândia tinha dado a entender, no começo desta semana, que seria contra.

"A zona do euro precisa de um mecanismo de crise confiável e permanente para assegurar a estabilidade econômica na zona do euro como um todo", disse. "Se esse novo sistema exigir a mudança do tratado, então essa mudança deve ser feita."

A Grécia também disse que apoiará limitadas reformas no tratado, e o ministro de Assuntos Europeus da França, Pierre Lellouche, afirmou em Berlim que os países estavam fortalecendo a posição franco-germânica, o que ele chamou de um presente para a Europa.

"Há um senso de realismo que vai triunfar ao fim do dia", disse o ministro a repórteres, embora tenha afirmado que seja provável certa "dramatização" durante o encontro e reconhecido que o acordo pode não ser fechado nesta quinta-feira.

José Manuel Barroso, presidente do braço executivo da UE, a Comissão Europeia, afirmou que o pedido alemão de suspender o direito a voto para os países que não conseguirem controlar seus déficits é "inaceitável". Tais exigências devem ser derrubadas no encontro.

Mas, após uma semana na qual o debate dividiu a Alemanha e a Comissão, Barroso afirmou que a modificação do tratado pode ser discutida se essa medida for necessária para melhorar a habilidade da UE em reagir a uma crise econômica e financeira.

O menor sinal de que a UE esteja retrocedendo em seus esforços para fortalecer a disciplina orçamentária dos países pode perturbar os mercados financeiros, que querem certeza e estão preocupados com os problemas de déficit na zona do euro em nações como Portugal, Irlanda e Grécia.

Muitos dos 27 membros do bloco veem lógica na proposta e podem apoiá-la a princípio, mas precisam ser convencidos de que uma mudança no tratado é necessária para estabelecer o mecanismo de proteção orçamentária. Essas nações querem que cada reforma seja estritamente definida.

Qualquer mudança em um tratado da UE precisa ser aprovada de forma unânime e ratificada por todos os membros, por votação no Parlamento nacional ou referendo. O Parlamento Europeu também precisa aprová-la.

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