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O presidente venezuelano, Hugo Chávez, aproveitou o golpe em Honduras durante o último fim de semana para mostrar que já possuía algumas cartas na manga. Chávez declarou que as mãos de Washington deram o empurrão final em Manuel Zelaya, presidente hondurenho deposto. De acordo com o presidente da Venezuela, os EUA financiaram os oponentes do governo de Honduras e a CIA pode ter orquestrado uma campanha de desinformação, dando o apoio que os opositores necessitavam.

O presidente Barack Obama, por sua vez, condenou veementemente o golpe, neutralizando as acusações de Chávez. Ao invés de se engajar num embate dente por dente, Obama calmamente definiu o golpe como "ilegal" e deixou claras suas intenções de querer ver Zelaya restituído no poder. Apesar de Chávez continuar a enquadrar Washington como orquestrador do golpe, outros países de América Latina não veem o caso por este prisma.

Durante os últimos anos, Chávez parece estar quase sempre um passo a frente de Washington nesse tipo de situação. O presidente venezuelano explorou a baixa popularidade que o governo Bush ganhou com a guerra no Iraque e a tentativa de golpe da oposição venezuelana em 2002, e sempre culpou os EUA pelos males da Venezuela e de toda a América Latina.

Além do apelo de tal tática aparentar não ter mais tanta força, a administração de Obama acertou em cheio ao fazer pressão junto à Organização dos Estados Americanos (OEA) para uma solução multilateral para a crise em Honduras. Ao fazer isso, Obama dá exemplo e foge de políticas que acabaram por isolar os EUA em partes do Hemisfério Sul.

Honduras, que há muito tempo possui fortes laços com Washington, recentemente chama a atenção de EUA e Venezuela. Com seu petróleo subsidiado, Chávez encantou Honduras oferecendo sua aliança esquerdista, a Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba). Mesmo com o "apoio" venezuelano à Honduras, os EUA não cortaram a ajuda desenvolvimentista ao país, numa tentativa de manter sua influência em Honduras.

Todavia, enquanto os aliados de Chávez na Bolívia e Equador conseguiram mudar suas constituições para permanecer mais tempo na Presidência, seguindo o exemplo dado pelo colega, na Venezuela, as intervenções venezuelanas em Honduras só fizeram aumentar a tensão interna no país.

Chávez enquadra seu apoio a Zelaya como outro exemplo de divulgação de seu estilo de democracia, que pode centrar ou fortalecer presidentes à custa de outras ramificações do governo. Outros países da América Latina, por sua vez, resistem à tendência de permitir que os presidentes estendam seus mandatos.

Na Colômbia, por exemplo, o presidente Álvaro Uribe, um populista conservador e aliado dos EUA, vem enfrentando dificuldades em aprovar a eleição a um terceiro mandato. Na Argentina, o já uma vez popular ex-presidente Nestor Kirchner admitiu sua derrota nesta semana nas eleições para o congresso do país, lançando sombras de dúvida sobre o futuro político dele e da esposa, a presidente Cristina Kirchner, em sua verdadeira dinastia no cargo presidencial.

Tradução: Thiago Ferreira

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