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A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) admitiu hoje pela primeira vez que um alvo destruído por aviões israelenses num deserto da Síria em setembro de 2007 era um reator nuclear construído em segredo, contrariando as afirmações da Síria de que o país não tem nada a esconder.

Relatórios prévios da agência nuclear ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) apenas sugeriam que a estrutura atingida poderia ser um reator nuclear. As declarações de hoje, feitas pelo diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, foram a primeira afirmação clara nesse sentido.

Ao alinhar a posição da AIEA com a os Estados Unidos - primeiro país a afirmar, quatro anos atrás, que o alvo do ataque era um reator nuclear - as declarações devem elevar a pressão sobre a Síria para que o país pare de obstruir os pedidos da agência e divulgue mais informações sobre suas atividades nucleares.

Amano falou durante uma coletiva de imprensa cujo foco era o desastre nuclear de Fukushima, após uma visita à Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE), sediada em Paris (França). "A instalação que foi destruída por Israel era um reator nuclear em construção", respondeu ele após uma pergunta, repetindo posteriormente que "era um reator em construção".

Informações anteriores divulgadas pela AIEA foram mais discretas. Em relatório divulgado em fevereiro, Amano disse apenas que as estruturas bombardeadas eram "semelhantes ao que pode ser encontrado em reatores nucleares".

Israel nunca comentou o fato publicamente ou sequer reconheceu ter realizado o ataque. Os Estados Unidos compartilharam informações de inteligência com a AIEA que identificam a estrutura como um reator nuclear quase concluído que, se terminado, seria capaz de produzir plutônio para o núcleo físsil de ogivas nucleares.

A Síria nega as acusações sobre a existência de qualquer atividade nuclear secreta ou sobre o interesse em desenvolver armas nucleares. Mas sua recusa em permitir que inspetores a AIEA tivessem acesso ao local atacado, no deserto de Al Kibar, após uma visita quatro anos atrás, elevou as suspeitas de que havia algo a ser escondido. Outro fator de desconfiança foi a decisão de destruir a instalação e fazer novas construções no local.

Após a visita de inspetores em 2008, a AIEA concluiu que o prédio destruído tinha o tamanho, estrutura e especificações de um reator. No local também foram encontrados grafite e partículas naturais de urânio, que poderiam estar ligadas a atividades nucleares.

A AIEA também tenta investigar outros locais suspeitos de abrigarem atividades nucleares não declaradas, mas Damasco não tem cooperado, afirmando que a maioria dos locais são de acesso restrito por causa de sua natureza militar.

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